Lula e Mujica apelam a uma nova integração latino-americana
Mujica participou numa reunião convocada por Lula da Silva com membros da Confederação Sindical das Américas (TUCA), composta por 49 centrais sindicais de 21 países e que tem a sua sede em Montevideu, na qual apresentou as suas ideias para “recuperar a unidade” na região.
O ex-presidente uruguaio de 87 anos (2010-2015) afirmou que a verdadeira integração não vem “da esquerda ou da direita”, mas que deve sim ser o produto de um “verdadeiro sindicato” em defesa do comércio, das empresas e dos trabalhadores da América Latina. “Ninguém nos vai dar prosperidade se não formos capazes de lutar por ela”, declarou “Pepe” Mujica, que deu como exemplo da “desunião actual” o que aconteceu na América Latina durante a pandemia da Covid-19.
“Somos 6 ou 7% da população mundial, mas vimos quase 30% da nossa população morrer de Covid-19 e não vimos uma única reunião dos nossos presidentes para trabalhar em conjunto”, lamentou.
Segundo Mujica, “este erro não pode ser repetido” e os governos da região “devem unir-se, verdadeiramente, para defender a América, seja à esquerda ou à direita, mas todos juntos”, disse.
Lula da Silva celebrou o “entusiasmo” do seu “companheiro em tantas lutas” e reiterou que um dos objectivos da sua política externa no seu terceiro mandato será “reconstruir e fortalecer” o Mercosul, a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade dos Estados da América Latina e das Caraíbas (Celac).
“Temos de recuperar a nossa consciência e compreender que quando um país latino-americano tenta negociar algo unilateralmente, tem muito menos possibilidades do que quando o faz em conjunto” com a região, afirmou.
O Presidente do Brasil evocou a primeira década deste século, quando a integração era o objectivo de muitos governos latinoamericanos, mas lamentou que actualmente “tudo está praticamente destruído”.
“Temos de recomeçar tudo de novo”, disse. Segundo Lula da Silva, o primeiro passo para esta nova integração deve ser o fortalecimento da democracia, que ele considera ameaçada na América Latina pelos movimentos da extrema-direita.
“Sou latino-americano e acredito na construção de uma grande nação, de uma América Latina sem fronteiras e sem um mundo em que o grande capital circula livremente e os trabalhadores não o podem fazer”, declarou.