Economista Augusto Fernandes e Carlos Pinto, secretário-geral da Câmara de Comércio de Benguela, acreditam que a França quer reforçar a cooperação com Angola por ter perdido acordos com parceiros tradicionais em África para a Rússia. Agora, estica-se para Angola que é um dos principais aliados russos no continente
acontece hoje, aqui em Luanda, o Fórum Empresarial Angola/França, no quadro da visita do Presidente daquele país Europeu, Emanuel Macron. O fórum que visa reforçar a cooperação económica entre os dois países, nos vários domínios, deve ser aproveitado, de acordo com o economista Augusto Fernandes, para Angola colocar as suas exigências aos franceses.
“Emmanuel Macron sabe que está a perder muitos parceiros estratégicos em África, como são os casos do Mali, Burkina Faso e Senegal, para a Rússia. Por isso, está a redefinir a sua estratégia na cooperação com os países africanos. É neste quadro que o Presidente francês vem a Angola”, disse, acrescentado que, agora a estratégia é alinhar-se a um dos parceiros de peso russo em África, no caso Angola. Diz ainda que os parceiros que estão a rever os acordos com a França eram muito importantes para a formação do Produto Interno Bruto daquele país europeu, que terá de buscar alternativas no continente e não só.
Acrescenta que o Presidente João Lourenço convidou, em 2018, o Presidente Macron para visitar Angola. Não o fez e criou uma “amargo” nas relações diplomáticas, sobretudo porque em 2020 esteve no Ruanda e não contemplou, na sua agenda, uma passagem por Angola. “Emmanuel Macron não tinha nenhum interesse. E agora que tem interesse, por uma razão estratégia, devemos tirar maior vantagem colocando na mesa as nossas necessidades em máquinas e transferência de tecnologia”, reforçou.
Lembra que a França está sempre entre os oito primeiros países da Europa em termos de máquinas e no sector agrário, pelo que Angola deve aproveitar para colocar assento tónico na questão de troca de tecnologias que pode ser útil na questão. Por seu turno, Carlos Pinto, secretário-geral da Câmara de Comércio de Benguela referiu que, a “ França está entre as dez maiores economias do mundo e o terceiro maior da Europa. Sendo o nosso maior desafio a industrialização esperamos e acreditamos que os dois Estados vão encontrar um mecanismo de transferência de saberes e tecnologia que irá colocar Angola na geografia dos países industrializados”, disse.
Para ele, a França é o país ideal para o reforço da amizade entre os dois povos. No domínio dos ser- viços destacou o turismo e a educação como áreas prioritárias. “Na educação, a França possui as melhores práticas para a formação de cientistas em matemática e física, ciências importantes para o desenvolvimento de qualquer país. Na indústria destaco a química, têxtil e de máquinas-ferramentas. Quanto à importação podemos encontrar, praticamente, tu- do que precisamos em França e com qualidade”, afirmou.