João Lourenço está a revelar cada vez mais a sua habilidade política. Na abertura do ano lectivo, ontem, aproveitou a deixa de um menino do Ensino Especial, que simulou o relato de um jogo de futebol, para, de improviso, brincar um pouco com a plateia que enchia o pavilhão onde decorreu a cerimónia.
POR: José Kaliengue
O Presidente quebrou o gelo e, de imediato, ganhou a plateia e os telespectadores. Mais à frente, consciente das críticas da sociedade à percentagem prevista na proposta do Orçamento Geral de Estado para a área social, disse que nos debates de especialidade, na Assembleia Nacional, o Executivo está aberto a alterar as dotações para a Educação e a Saúde. Mereceu aplausos, claro.
Mas, antes deste anúncio, Lourenço referiu-se à liberdade de expressão. Por um lado, ele quis dizer que ouve o povo, que é sensível às críticas. Por outro, acabou por encorajar a crítica e escrutínio à acção do Governo. E é justamente neste aspecto que ele tem ganho mais pontos entre os angolanos, ao governar com o povo.
Sobre a cerimónia, notei que faltaram as batas brancas. Aqueles azuis, para quem estivesse distraído, pareciam uniformes de colégios, o que seria inaceitável no estado em que anda a escola pública, que precisa de ser acarinhada e valorizada, de uma vez por todas, pelo Executivo. E faltou a imagem de mais crianças, pelo menos no que mostraram as televisões. São elas que vão animar as nossas ruas nos próximos meses, de branco.