Faz hoje um ano desde que as tropas russas invadiram o território da Ucrânia. A “Oper ção Especial”, como chamou Vladimir Putin, não tem fim a vista. Os países petrodependetes tiram vantagem. Em Angola as receitas subiram, em 2022, 43%. Economista diz que superavit só servirá para pagar dívidas
Angola consta entre os países que obtiveram ganhos com a guerra Russa na Ucrânia, que hoje, 24 de Fevereiro, completa um ano. Desde que foi disparado o primeiro tiro pelos russos, no território ucraniano, o preço do barril de petróleo subiu de forma considerável no mercado. O Brent, referência paras as exportações de Angola, chegou a ser comercializado por 139 dó- lares.
O facto sucedeu, de acordo com analistas, por causa das sanções aplicadas à Rússia, que deixou de vender o seu petróleo no mercado Europeu e não só, provocando uma maior procura e uma oferta diminuta. Dados disponíveis e tornados público pelo secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Barros, indicam que as exportações de petróleo alcançaram receitas de mais de 39 mil milhões de dólares em 2022, registando um aumento de 43,77%, se com- parado ao de 2021.
Os dados revelam ainda que o país arrecadou mais de 7,79 mil milhões de dólares no ano passado. China, com 53,64%, a Índia (9,54%) e a França (5,71%) são os principais destinos da exptação do petróleo angolano, seguido da Holanda, com 5,16% e a Espanha 4,47%, foram os países para os quais Angola exportou grande parte do seu petróleo. Face ao actual quadro, marca-do por uma estabilidade no mercado petrolífero, maior fonte de recursos do Executivo, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, disse, recentemente, que as previsões apontam para um crescimento da economia nacional na ordem dos 3,3%, de forma global, com um crescimento de 3,4% do sector não petrolífero e de 3% do petrolífero.
Reagindo à estabilidade do preço do petróleo e os superavit conseguido este ano, bem como das receitas dos últimos dois me- ses (Janeiro e Fevereiro), o economista Silvestre Francisco afirma que “este dinheiro não terá reflexo na formação de preços. Não terá reflexo directo na vida dos cidadãos. O dinheiro servirá para pagar dívidas”. Refere ainda que Angola será vista apenas como bom pagador, enquanto a situação económica no país pode continuar a mesma, pois não estão a ser feitos investimentos na economia real.
Silvestre Francisco diz ainda que as famílias ainda terão de contribuir para o pagamento da dívida externa, por via dos impostos, pelo que o actual preço do barril de petróleo, que está acima do previsto no Orçamento Geral de Estado para este ano, tal como ocorreu em 2022, não pode constituir motivo para alegria. “Como todos sabemos, o petróleo é um produto volátil. E em função de um acontecimento de dimensão mundial os preços podem baixar de forma brusca ou subir. Portanto, não podemos ficar simplesmente satisfeitos com a subida do petróleo. Temos sim que diversificar a nossa economia”, lembrou.
Produção nacional
Dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis indicam que a produção de petróleo de Angola, para no mês de Dezembro do ano passa- do, foi de 33.711.678 barris, cor- respondendo a uma média diária de 1.087.473 barris de petróleo (BOPD) contra 1.182.407 BOPD previsto. A produção de gás associa- do durante o mesmo período foi de 75.723 milhões de pés cúbicos, correspondente a uma média diária de 2.443 milhões de pés cúbicos (MMSCFD), sendo 1.143 MMSCFD injectados, 740 MMSCFD disponibilizados para a fábrica de ALNG, 301 MMS- CFD para geração de energia nas instalações petrolíferas e remanescente usado nas operações e escoamento do petróleo.