Um total de mil milhões, 858 milhões, 534 mil e 687 Kwanzas é o montante que o Estado gastou para garantir a manutenção de quatro estádios de futebol e quatro pavilhões multiusos espalhados pelo país nos últimos cinco anos. Porém, a quantia a ser aplicada este ano registou uma redução drástica. Em 2022 foram gastos 903 milhões, 934 mil e 188 Kwanzas e no presente ano serão apenas 400 milhões de Kwanzas
O Estádio 11 de Novembro, o maior em funcionamento no país, com capacidade de albergar 50 mil pessoas, em Luanda, foi o que beneficiou da maior quantia financeira entre 2018 a 2022. A equipa de gestores deste ‘monstro’, que custou aos cofres do Estado mais de 227 milhões de dólares, erguido para o acolher o Campeonato Africano das Nações (CAN) em 2010, terá sido “agraciada” com 473 milhões, 621 mil e 805 Kwanzas para o efeito, faseadamente, nos anos acima referidos. De acordo com o Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2022, foi justamente o ano passado, sob a gestão do antigo futebolista, Luís Cazengue “Luizinho”, que o referido estádio teve a maior dotação financeira dos últimos cinco anos.
Este substituiu Joaquim Cafuchi Mauchimica que havia sido através do despacho nº 3078/18, de 12 de Junho. No documento inserido no Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado (SIGFE), aplicativo sob gestão do Ministério das Finanças (MINFIN), a que OPAÍS teve acesso, consta que o Governo, através do Ministério da Juventude e Desporto (MINJUD), comprometeu-se a disponibilizar 232 milhões e 500 mil Kwanzas para a manutenção desta infra-estrutura desportiva no ano transacto. Além deste montante, a equipa de gestores teve ainda a possibilidade de “amealhar” outros valores com o aluguer do recinto para a prática desportiva aos diferentes clubes, assim como alguns empreendimentos que aí se encontram instalados.
Um ano ano antes, isto é, em 2021, ainda na gestão de ‘Luizinho’, o MINJUD havia manifestado, no OGE, a pretensão de aplicar pelo menos 130 milhões na manu- tenção deste estádio. Este montante foi, assim, a segunda maior fasquia que o Estado disponibilizou para este fim nos últimos cinco anos. Tal acorreu um ano depois de os antigos gestores do Estádio 11 de Novembro terem sido “forçados” a fazer uma gestão bastante apertada, devido à escassez de recursos financeiros. O documento em posse deste jornal indica que, neste ano, o Governo previa atribuir somente 24 milhões e 300 mil Kwanzas. De salientar que essa foi a quantia mais baixa disponibilizada para a gestão do estádio, se comparada com os 31 milhões, 978 milhões, 899 mil Kwanzas, atribuída em 2019, bem como os 54 milhões, 842 mil e 906 Kwanzas disponibilizados em 2018.
Segundo apurou OPAÍS, o normal funcionamento deste recinto desportivo é assegurado por mais de 50 trabalhadores, repartidos em diversas áreas, cujas acções são desenvolvidas com recursos a algumas máquinas apropriadas para a manutenção da relva. O Estádio Nacional da Tundavala, localizado na cidade de Lubango, na província de Huíla, figura em segundo lugar na lista de infra-estruturas desportivas que mais dinheiro terão consumido com a sua manutenção, no período em referência. O Governo estabeleceu que os responsáveis pela gestão deste recinto desportivo, com capacidade de albergar 20 mil adeptos, deviam receber um total 409 milhões, 681 mil e 203 Kwanzas para assegurar a manutenção e prolongar o seu tempo de vida útil. Essa quantia terá sido entregue de forma faseada, sendo que esteve fixada em 36 milhões, 561 mil e 937 Kwanzas (em 2018).
No entanto, nos dois anos seguintes, nomeadamente 2019 e 2020, o valor baixou para 21 milhões, 319 mil e 266 Kwanzas e 24 milhões e 300 mil Kwanzas. Em 2021 o valor subiu exponencialmente para 115 mi- lhões de Kwanzas e, no ano seguinte, em 2022, quase duplicou ao atingir a quantia de 212 milhões e 500 mil Kwanzas, segundo documentos do SIGFE. Por outro lado, o Estádio de Futebol do Chiazé, erguido na província de Cabinda por altura do CAN 2010, resultante de um investimento de 116 milhões de dólares, ocupa o terceiro lugar no “ranking” de infra-estruturas de futebol que mais dinheiro consumiram dos cofres públicos com a sua manutenção. Durante cinco anos, os responsáveis pela sua conservação receberam 401milhões, 581 mil e 203 Kwanzas.
O ́Mbaka: o menos beneficiado
O Estádio de O ́Mbaka, o segundo maior do país, depois do “11 de Novembro”, em Luanda, está em quarto lugar. Para se erguer essa infra-estrutura desportiva, sita na zona F do bairro da Cambanda, arredores da cidade de Benguela, o Governo desembolsou 116 milhões de dólares. Ela está entre os quatro estádios que foram erguidos para servir de montra para as equipas que participaram no CAN de 2010. Para a manutenção deste estádio, que ocupa uma área de 41.500 metros quadrados e tem capacidade para acolher 26 mil espectadores, o Governo, por via do Ministério da Juventude e Desporto, terá disponibilizado apenas 105 milhões, 840 mil e 438 Kwanzas, em cinco anos.
2021 entrou para a história dos gestores dessa infra- estrutura como a de maior aperto financeiro, pois, de acordo com documentos SIGFE, terão recebido apenas nove milhões de Kwanzas, quando os seus homólogos que têm sob batuta os estádios da Tundavala, 11 de Novembro e Chia- zé registaram um aumento exponencial nas receitas. Conforme narra os gráficos publicados nesta reportagem. De salientar que contrariamente ao ano passado, em que o Estado terá gastado 903 milhões, 934 mil e 188 Kwanzas com a recuperação de quatro pavilhões multiusos e igual número de estádios de futebol, este ano prevê disponibilizar apenas 400 milhões de Kwanzas para este fim. O Estádio de O ́Mbaka é o único que não vai receber qualquer quantia financeira do Estado, de acordo com documentos a que OPAÍS teve acesso.
Pavilhões com custos de mais de Kz 450 milhões
A manutenção dos pavilhões multiusos é outro desafio que o Estado tem pela frente. Segundo apurou OPAÍS, nos últimos cinco anos as autoridades governamentais tiveram que desembolsar 467 milhões, 810 mil e 038 Kwanzas para a manutenção de sete pavilhões no total. O destaque recai para três pavilhões para prática de hóquei em patins, cujos gestores terão recebido verbas apenas em 2018 (37 milhões, 475 mil e 986 Kwanzas) e em 2019 (21 milhões, 852 mil e 247 Kwanzas), o que perfaz um total de 59 milhões, 328 mil e 233 Kwanzas.
No entanto, os documentos em posse do jornal OPAÍS atestam que nos anos seguintes, isto é, de 2020 a 2022, tais infra-estruturas, cuja localização não vem especificada, não voltaram a beneficiar de qualquer dotação financeira até à presente data. Por outro lado, o Ministério da Juventude e Desporto manifestou ao Ministério das Finanças que necessitaria, faseadamente, de 408 milhões, 481 mil e 805 Kwanzas para fazer a manutenção de quatro pavilhões multiusos no período de cinco anos.
Ao dividir-se este montante por partes iguais, conclui-se que cada um dos gestores destas infra-estruturas pode ter recebido 102 milhões, 120 mil e 451 Kwanzas, durante o período em análise. O MINJUD inscreveu no OGE para o ano económico de 2018 a primeira tranche que deveria receber neste âmbito, fixada em 54 milhões, 842 mil e 906 kwanzas. Nos dois anos seguintes, as verbas registaram uma redução considerável para 31 mi- lhões, 978 mil e 899 Kwanzas (em 2019) e 29 milhões, 160 mil Kwanzas (em 2020), respectivamente.
Em 2021, os gestores destes quatro pavilhões, cujos nomes e localização também não vêm especificados no documento registado no SIGFE, viram as suas verbas subirem para 70 milhões de Kwanzas para serem repartidas entre eles. Porém, o crescimento não parou por ai, sendo que no ano passado, como resultado do bom desempenho da economia angolana, o montante mais do que triplicou, ao ser fixado em 222 milhões e 500 mil Kwanzas para os quatro. Desde modo, cada um terá recebido 55 milhões e 500 mil Kwanzas.