A organização não-governamental britânica The Halo Trust procedeu ontem, Quarta-feira, à abertura de uma campanha de sensibilização sobre os riscos dos engenhos explosivos não detonados na província do Huambo, soube a ANGOP
A acção, desenvolvida em parceria com a Agência Nacional de Acção contra as Minas (ANAM), com o financiamento do Governo dos Estados Unidos da América, visa contribuir nos esforços das autoridades da província do Huambo na prevenção e combate às mortes e ferimentos resultantes da explosão destes materiais bélicos.
Dados divulgados, recentemente, pelas autoridades locais, apontam para o registo, em 2022, de quatro acidentes com engenhos explosivos, que causaram a morte de sete pessoas e 18 feridos.
O acto de lançamento da campanha foi marcado com a realização de uma palestra, dirigida aos alunos da escola primária número 37, localizada no Bairro de Santo António, arredores da cidade do Huambo, com o objectivo de desencorajar os mesmos a manusearem objectos estranhos.
Na ocasião, a oficial de projecto da The Halo Trust, Felícia Chipalavela, disse que, apesar da província do Huambo ser declarada livre de minas, apresenta um risco enorme do ponto de vista da existência de engenhos explosivos não detonados, deixados durante o conflito armado, daí a necessidade da realização das campanhas de sensibilização sobre os riscos e perigos destes meios.
Fez saber que as campanhas serão realizadas nas instituições escolares, mercados informais e formais, bem como noutros espaços de maior aglomeração.
Informou que as crianças constituem o grupo-alvo, por representarem as principais vítimas das explosões dos engenhos não detonados. Segundo a responsável, a crescente situação da venda de ferros para a reciclagem é apontada como a principal causa que tem motivado os menores na busca frenética pelos objectos metálicos para a comercialização, na perspectiva de obterem sustento, acabando, em algumas circunstâncias, por se deparar com engenhos explosivos não detonados.
Nesta conformidade, referiu que as acções de sensibilização serão, igualmente, desenvolvidas junto dos comerciantes e potenciais vendedores, no sentido de alertá-los da necessidade de se absterem do manuseio de objectos estranhos, de modo a desenvolver a actividade com segurança.
Sem precisar a data do término das campanhas, informou que o objectivo é atingir um maior número de cidadãos da província do Huambo, no sentido de se transmitir a informação sobre os riscos e os perigos dos engenhos explosivos.
Por sua vez, o director da instituição de ensino, André da Glória, valorizou a iniciativa por despertar os alunos sobre os perigos dos engenhos explosivos e a sua existência na província, sobretudo, nas lixeiras.
Reafirmou o compromisso da instituição escolar sobre a necessidade de replicar a informação, ao referir que os professores passaram em revista os conhecimentos obtidos no início das aulas.
Na província do Huambo, uma das mais afectadas pelo conflito armado em Angola, vivem mais de 2 milhões e 700 mil cidadãos, distribuídos em 11 municípios e 37 comunas, numa extensão territorial de 35 mil e 771 quilómetros quadrados.