Nesta que foi a última aparição de Poly Rocha, enquanto comandante do União Recreativo do Kilamba, o grupo carnavalesco sagrou-se vencedor do desfile competitivo da classe A, do Carnaval de Luanda, ao arrebatar 908 pontos, conforme anunciado, ontem, pela organização. Terá como prémio o cheque no valor de 5 milhões de kwanzas
Na sua apresentação na Marginal de Luanda, segundo o comandante, falaram sobre o nosso país, as tradições e memórias, ao realçar os vários aspectos culturais, como a máscara Mwana Pwó”, uma escultura “cokwe”.
“Abraçamos um bocadinho daquilo que é o livro desta belíssima Angola.
Não foi fácil, diante de muitas dificuldades que os grupos enfrentam. Continuar a dançar o Carnaval para nós foi um sacrifício titânico, por falta de verbas.
Trabalhamos diante de muitas situações, para no final termos esse resultado, o que é gratificante”, disse Poly Rocha.
O comandante lembrou que o prémio do Carnaval, anteriormente, era de USD 30 mil, que deveria ser actualizado ao câmbio do dia, um valor que ronda os 15 a 16 milhões de kwanzas.
Avançou, nesta edição investiu, de acordo com os trabalhos feitos, aproximadamente 20 milhões de kwanzas.
Enalteceu o facto de terem ganhado em seis categorias, o que considera resultante do trabalho árduo feito durante três anos. “Saímos em 3.º lugar em 2020.
De lá para cá trabalhamos até à data presente, porque no Carnaval Live de 2021 não participamos, mas sim na Live de 2022, porque já havia um número considerável de pessoas vacinadas.
Portanto, o nosso trabalho vem de há três anos e nada melhor do que essa vitória em todas as categorias”, aferiu.
Avançou que dentro de dois meses começarão com os preparativos para próxima edição do Entrudo, que será dirigido por um novo comandante que, conforme disse, dará bons resultados com o apoio de todos os membros.
Nesse contexto, vai dedicar-se à direcção do grupo, com a capacitação dos membros e outras formações para maior compreensão dos ofícios do Carnaval.
Também, darão o tratamento aos assuntos burocráticos, como a legalização do grupo, que disse lhes tem causado transnornos ao longo dos anos.
“Vamos procurar, de certa forma, nos estruturarmos melhor e ver se conseguimos nos sentir autosuficientes daqui a alguns anos.
Desde já dizer que temos que ter a consciência de que os lugares não são permanentes. Temos que ter consciência de saber iniciar e também quando é o nosso término”, elucidou.
O conjunto União Jovens da Cacimba ocupou a 2.ª posição, com 728 pontos, ao passo que o União Kiela o 3.º, com720.
A comandante do grupo, Maravilha dos Santos, mostrou-se insatisfeita com o resultado. Pelo facto, garantiu que desta vez deixará de participar no evento, por sentir-se injustiçada, conforme disse, com a pouca clareza que observou no trabalho feito pelo corpo de jurado.
“Esse título é nosso, arrancaramno de nós por dinheiro.
Pessoas do Recreativo do Kilamba ligaramme para dizer que tínhamos sido os melhores na Marginal, assim como outros conjuntos”, alertou.
Inconformada, mesmo antes de serem divulgados os resultados finais, criou um alvoroço no local, tendo prevenido que, caso não fossem os vencedores, deixariam de estar presente nas próximas edições, incitando membros de outros conjuntos a pautarem pela mesma postura.
Para maior clareza, defende que os resultados sejam divulgados no mesmo dia do evento. Também, que seja a população a votar, para melhores resultados. Nesta classe, o União Nzinga Mbandi ocupou a 4.ª posição, com 719 pontos, em 5.º lugar o União Povo da Quiçama com 698 pontos.
Classificação na Classe B
Os cinco primeiros grupos classificados nesta classe ascenderão para a A. Neste contexto, o União Operário Kabocomeu, da classe B é o grande vencedor, com 677 pontos.
Na sua apresentação fez uma homenagem ao músico Nagrelha, que faleceu em Novembro do ano passado, em Luanda, vítima de doença.
O membro da direcção do conjunto, Joaquim Manuel, satisfeito pela conquista, disse que está consciente do desafio na próxima edição do Entrudo, na classe A, por reconhecer a capacidade de organização dos conjuntos neste escalão.
“O sentimento é de alegria. Nós, quando descemos à classe B, há três anos, homenageamos o Bangão. Tivemos a melhor pontuação na canção e saímos em 2.º lugar.
Agora, homenageamos o “Estado Maior do Kuduro”, ganhamos a melhor canção e saímos em 1.º lugar.
O Nagrelha está de parabéns, o Sambizanga está de parabens”, disse. Ficaram em 2.º e 3.º lugares, respectivamente, os grupos União os Petrolíferos, com 644 pontos e o União Estrela Kazucuta do Cazenga, com 644.
Este último, composto por mais de 500 foliões, foi fundado no ano passado.
A raínha Rosa Maria Constantino, entusiasmada pela vitória, agradeceu o apoio dos Bombeiros Unidos sem Fronteiras e da Administração do Cazenga para participar noo evento.
“A sensação é de fazermos o melhor. No ano que vem vamos trabalhar para nos posicionar e conquistar o grande título da classe A.
O grupo foi criado no ano passado e subimos de escalão, em nome do Senhor”. Sobem ainda de escalão o União Kazukuta do Sambizanga e o União Juventude do Kapalanga, na 4.ª e 5.ª posições, respectivamente. Flávio Kanda, do Kapalanga, com os ânimos exaltados, deplorou a classificação atribuída ao seu conjunto.
Referiu que o corpo de jurado denota desconhecimento para avaliação da dança Kazukuta. Enalteceu a apresentação do União Estrela Kazucuta do Cazenga. Em contrapartida, deplora a classificação do União Kabocomeu. “Nós trabalhamos muito. Sabemos que o Carnaval é coisa séria.
A gente abandona a família, o trabalho, nesta fase, mas não há seriedade no seio do corpo de jurado. Acho que a própria organização do Carnaval tem que melhorar muito e valorizar realmente quem faz a arte”, apelou.
Grupos infantis
Os Viveiros do Nzinga a Mbande, do município de Viana, é o grande vencedor da classe C, infantil, com 882 pontos.
Em 2.º lugar está o grupo Cassule do Amazonas do Prenda, com 832 pontos, seguido de Cassules do Café de Angola, do município do Kilamba Kiaxi, em 3.º lugar, com 684 pontos. Em 4.º lugar, com 676 pontos, o Cassules dos Jovens da Cacimba, da Maianga e em 5.º o Cassules dos Petrolíferos, com 621.
O presidente do corpo de jurado da classe infantil, Diogo Sebastião, “Quintino” disse que os grupos vencedores foram os que tiveram maior número de votos por parte dos membros do jurado.
Foram avaliados a corte, a canção, o comandante, a falange de apoio, o painel, a alegoria. “De tudo isso é que dá o resultado final.
Os Viveiros do Nzinga a Mbande tiveram essa pontuação, que deu a garantia de ser o 1.º do Carnaval infantil desta edição.
Pode não ser o melhor grupo, mas a pontuação dada pelo jurado é que define o vencedor”, explicou.