Os medicamentos e o material de trabalho são adquiridos no mercado informal, onde não são devidamente acondicionados.
POR: Norberto Sateco, enviado ao Tomboco
A médica do departamento de partos do hospital principal do município do Tomboco (Zaire), Natacha Arsénio, revelou que a ‘grande dor de cabeça’ são as restrições no fornecimento de energia eléctrica e de água naquela unidade hospitalar. Segundo a responsável do serviço da maternidade, a situação tem forçado os profissionais a realizarem os partos com grandes margens de risco, atribuídas à inexistência de condições de salubridade e de luminosidade. “Trabalhamos muitas vezes com lanternas para acompanharmos os partos.
Vezes há que aparecem situações bastante complexas que, como alternativa, tenho que trabalhar com a lanterna do telemóvel ou mesmo com vela”, afirmou, tendo realçado a necessidade de se melhorar os serviços, sobretudo nestes dois domínios, energia e água. Em relação às patologias mais frequentes, a febre tifoide ocupa um dos lugares cimeiros, atribuída ao hábito da população de não tratar a água, essa que obtida a partir de riachos e cacimbas. Para inverter o quadro, Natacha Arsenio referiu que está em curso um programa de educação para a saúde, em que “temos estado a sensibilizar a população para a adopção de medidas de profilaxia sanitária e médica”. ‘Todos os dias há casos do género.
Há muita parasitose no Tomboco e muita resistência por parte da população, em função dos hábitos costumeiros. Estamos a tentar melhorar a situação”, disse a responsável da maternidade. Na ocasião, reiterou a necessidade de apostar-se mais na saúde preveniva em relação à curativa, no sentido de afastar determinadas patologias evitáveis, além de que o Governo deve criar melhores condições para a população.
Estruturas clamam por obras de ampliação
O director geral do Hospital, Mabakason Manuel, explicou que as estruturas em que funcionam, para além de estarem obsoletas, são pequenas face à actual preocupa pela população. Para o responsável, tal como a densidade populacional aumentou, assim também há toda a necessidade de as estruturas crescerem. Para si, a sobrelotação agudiza-se mais nesta época chuvosa, em que a vegetação aumenta e a reprodução dos mosquitos cresce. “Não podemos adiantar números, mas que o pico aumentou, isso é um facto.
A malária, doenças diarreicas agudas e febre tifoide”, referiu Mabakason Manuel. Em relação ao surto de cólera que aflige a província vizinha do Uige, descartou qualquer indício de casos deste género na área. Do leque de dificuldades adiantadas pelo dirigente, constam a ausência de laboratórios para exames diversos e também de uma ambulância. “Temos que transferir os casos para MBanza Kongo, e ali também temos enfrentado imensas dificuldades de transporte. A ambulância é antiga demais”, afirmou, sem deixar de se referir à gritante falta de medicamentos e demais equipamentos médicos. “Temos que encaminhar os pacientes para irem comprar na praça. Não temos hipóteses”, considerou. Com uma capacidade de internamento para 40 camas, o hospital atende diariamente 100 pacientes, sendo 25 para a área de pediatria.
Governo minimiza os problemas
O administrador local reconhece a existência de imensos problemas, pelo que assume que há poucas probabilidades de alteração do quadro, uma vez que é consequência da crise financeira que o país atravessa. Quanto ao deficiente fornecimento de energia, Alberto Santos alega que se deve ao facto de um dos grupos geradores, localizado na comuna de Kinzau, estar avariado, facto agravado com a problemática generalizada da falta de combustível. O governante revelou que o processo de electrificação do município está em curso, por intermédio da empresa TDA, e que já foi disponibilizado o espaço para a montagem da subestação. A falta de medicamentos é uma das principais preocupações do município, assim como os projectos de fornecimento de água que continuam apenas nos papéis.