Caro coordenador do jornal OPAÍS, espero que esteja a gozar de boa saúde. Estou muito satisfeita por escrever para o vosso diário. Na verdade, não gostava do vosso trabalho. Privilegiavam um único elemento, um único partido político, uma única cor… Mas depois de terem mudado um bocadinho a linha editorial, talvez por coragem, passei a acompanhar o vosso trabalho. Não há dúvidas de que fizeram uma escolha acertada.
Espero que continuem desta for- ma. Um jornalista não deve ter medo de assumir riscos desde que não desrespeite as regras que norteiam a profissão considerada como o quarto poder. A situação social no distrito do Ngola Kiluanje, concretamente no bairro Uíge, na província de Luanda, continua a piorar. Os moradores estão insatisfeitos. Tal insatisfação levou a que um cidadão de aproximadamente 20 anos de idade fosse atingido mortal- mente pelos efectivos da Polícia Nacional por indisciplina. Verdadeiramente, a condição das vias não agrada a ninguém. Parece mentira, mas não.
Os carros que circulam naquele bairro estão em constante manutenção. Que tragédia! O lixo também assume o protagonismo. Continua a dar o ar da sua graça, sendo que o resultado tem sido um desastre. Paludismo tem vindo a fazer sucesso. Quando chove parece o fim dos tempos.
Parece que os moradores deste distrito foram esquecidos pelo governo liderado por João Manuel Gonçalves Lourenço. 90% dos moradores tem vindo a apontar o dedo ao líder do Movimento Popular de Liberação de Angola (MPLA). Dizem que não tem feito nada desde que foi reeleito. Também estou indignada. É mesmo inaceitável! O governo tem de reagir o mais depressa possível. Se estão mesmo comprometidos com o povo, então, devem adoptar uma postura que inspira confiança. Tenho a certeza de que esta greve vai mesmo mudar o rumo do nosso distrito. Vamos lá ver se o governo dirá alguma coisa.
POR:Laura Bastos
Luanda, Sambizanga