Um cidadão de 44 anos de idade, de nacionalidade chinesa, foi detido pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), sob a acusação de traficar pessoas para exploração de trabalho em países asiáticos. O chinês persuadia angolanos, via redes sociais, para emigrarem em Portugal, quando na verdade eram enviados a países asiáticos para exploração
O Serviço de Investigação Criminal apre- sentou, ontem, na se- de da sua instituição, sita no município de Cacuaco, o resultado de uma operação coordenada com a Direcção Nacional de Direitos Humanos, do Ministério da Justiça, de Dezembro do ano passado, que se consubstanciou na detenção de um cidadão chinês, de 44 anos de ida- de, por tráfico e exploração de seres humanos.
O cidadão chinês, que está no país há 21 dias, usava a rede social WhatsApp, propriamente um grupo criado pela sua rede de traficantes denominado “Vem Emigrar 2023 Portugal”, para recrutar cidadãos angolanos com promessas de trabalho no exterior do país. Até à data da sua detenção, o referido grupo tinha um total de 551 membros. Segundo o porta-voz do SIC-Geral, Manuel Halaiwa, o trabalho de investigação teve como base a denúncia dos familiares de uma das vítimas, um cidadão de 29 anos de idade, que conseguiu escapar das mãos da rede criminosa, já na República Popular de Laos.
“Dados preliminares apurados dão conta que a empresa recrutadora, que não tem representação em Angola, é identificada por “Guojin Technology”, suposta- mente situada na cidade de Bokoe, em Laos. O esquema começa com propostas alicientes de até 1500 dólares de salário para empregos, na função de telefonista”, disse. A suposta proposta de emprego era direccionada aos jovens com idades de 22 a 35 anos, recém-formados, técnicos médios e superiores, que soubessem falar fluentemente inglês e tivessem domínio de informática.
Para Manuel Halaiwa, tudo não passava de um sonho, pois o fim é a exploração de trabalho e outros crimes com desfechos imprevisíveis. Nesta altura, o SIC, depois de despoletada a acção investigativa, tem um total de quatro cidadãos como presumíveis vítimas desta rede de tráfico de seres humanos. Dentre as vítimas, estão dois jovens de 30 e 31 anos de idade, que já tinham recebido os vistos e bilhetes de passagem com itinerário Luanda/Dubai, Dubai/Laos, agendados para o dia 31 de Janeiro.
O SIC frustrou a saída dos jovens e deteve em flagrante delito um dos integrantes da rede criminosa, no momento que se verificava a documentação destes, numa unidade hoteleira. “Este modus operandi aqui verificado é novo, mas o SIC vai despoletar mais acções que visam identifica-lo. Ultimamente, tem havido muita oferta de emprego, por via das redes sociais, algumas verdadeiras e outras enganosas, com o intuito de obter dinheiro, burlando as pessoas. Há também outro tipo de exploração, como a sexual, a que o individuo pode ser submetido, pelo que devemos redobrar a atenção”, sublinhou.
Manuel Halaiwa aproveitou a oportunidade para alertar os cidadãos de forma geral, as famílias, os jovens e estudantes, de forma particular, a terem maior atenção e cuidado às ofertas de emprego por via das redes sociais, sem, no entanto, conhecerem os seus representantes legais, ou a sua idoneidade, sob pena de serem alvos de acções criminosas. “Quando a pessoa está numa situação de vulnerabilidade, ao oferecer-se para esta exploração de trabalho, claramente muitas coisas más podem acontecer. O Estado angolano faz tudo para garantir a segurança dos cidadãos, mas também as pessoas devem se prevenir e não aceitar estas ofertas enganosas nas redes sociais”, finalizou.