Secretário-geral da ONU lamentou que “quase 80 anos depois da queda do regime nazi, os seus símbolos, formas de pensar e linguagem” continuam presentes O secretário-geral da ONU, António Guterres, prestou ontem homenagem às vítimas do Holocausto e apelou contra a “normalização do ódio”, que considerou resultar de uma “ameaça neonazi” em todo o mundo e na Internet.
Numa cerimónia para assinalar a “Noite dos Cristais” (1938) em Nova Iorque, à qual assistiram sobreviventes do Holocausto e diplomatas, António Guterres lamentou que “quase 80 anos depois da queda do regime nazi, os seus símbolos, formas de pensar e linguagem” continuam presentes.
Os neonazis e os seus seguidores, advertiu, “estão a tentar reinventar-se ativamente” para parecerem mais “bondosos e apetecíveis” e, assim, ganhar o apoio de um maior número de pessoas, mas na realidade são “mais perigosos”.
As organizações contra o ódio estão a acompanhar centenas de grupos favoráveis ao nazismo, segundo afirmou o secretário- geral da ONU, sendo que uma “pequena pesquisa” da instituição identificou 65 desses grupos em 25 países “em todas as regiões do mundo”, não só na Europa e na América do Norte.
“Os seus seguidores – e os ‘likes’ que recebem nas redes sociais – contam-se em dezenas de milhares”, apontou. Nesse sentido, Guterres defendeu a importância de abordar a educação como uma “responsabilidade partilhada” e assegurou que o programa de divulgação do Holocausto da ONU vai continuar a contribuir para essa missão, mas que os líderes nacionais devem dar “mais passos” nesse sentido.
“O que os líderes dizem importa. Importa que tipo de exemplo dão os funcionários públicos, desde autarcas a ministros ou chefes de Estado”, concluiu, pedindo que “não podem ser espectadores quando os valores estão em jogo”.
A ‘Noite dos Cristais’, como ficou conhecida a noite de 9/10 de novembro de 1938, foi um ataque violento contra os judeus na Alemanha Nazi. O nome (Kristallnacht, em alemão) deve-se aos milhões de pedaços de vidros partidos que encheram as ruas depois de as janelas das lojas, edifícios e sinagogas judaicas terem sido partidas.