Notícias que foram sendo divulgadas nos últimos tempos dão conta de que tem aumentado, significativamente, o número de jovens e até adultos que viram a Europa como alternativa aos problemas que vão enfrentando em Angola.
A falta de empregos, a insegurança, ineficiência de alguns serviços básicos, entre os quais a saúde e educação, têm sido apontados por aqueles que procuram refúgio em Portugal, Brasil, África do Sul e noutras partes do mundo como as causas que fazem com que centenas ou milhares de jovens, diariamente, se dirijam às representações diplomáticas dos países acima mencionados e outros para obterem um visto.
Cada um saberá o real motivo que o leva a sair de Angola. Para muitos, o cuidado dos filhos num país que lhes possa oferecer somente os serviços mínimos vale sempre a pena, não importando se para tal seja sub- metido ou conviva realizando actividades que dificilmente as realizaria em Angola.
Mas a realidade tem sido essa: uma nova vaga se vai afastando, com os jovens à cabeça, sendo estes aqueles que hoje mais sofrem na pele um dos maiores dilemas que o Executivo de João Lourenço enfrenta: a criação de postos de trabalho. Aliás, não foi em vão que o Presidente da República, num dado momento, tenha mesmo se referido à empregabilidade como a maior dor de cabeça que possui.
Enquanto, por um lado, há quem se sinta forçado a partir para o exterior, por outro lado, há quem venha consciente de que Angola aos poucos se vai transformando no paraíso, ou seja, naquele espaço que sempre desejaram porque há mais oportunidades para fazer negócios e criar condições para a empregabilidade dos jovens e daqueles que se sentirem atraídos em aqui viver.
Em dois dias, por exemplo, ouvimos do Rei Filipe XI e de um representante do governo dos Estados Uni- dos da América opiniões elogiosas sobre Angola que nos levam a crer na existência de um país que trilha bons caminhos, realçando estes que as reformas em curso começaram a surtir os efeitos desejados depois de vários anos de recessão económica.
Para o cidadão comum, aquele que precisa de facto de um emprego, ver melhorada num ápice as suas condições de vida, estes elogios de que nos podemos orgulhar, numa África em que existem poucos exemplos, quase que não diz nada. Um facto que deve levar o Executivo cada vez mais a olhar para os efeitos reais das políticas macroeconómicas no seio dos angola- nos, porque para muitos deles crescimento económico, desenvolvimento económico, inflação, recessão e outros termos genéricos quase que não dizem nada. É da economia real que se precisa. É dos efeitos imediatos que os angolanos de várias esferas precisam, com sinais e uma comunicação que lhes leve a acre- ditar cada vez mais neste país de que muitos se querem ver livres para fazerem a vida no exterior.