Profissionais culturais entre pesquisadores, galeristas, produtores e curadores de Angola, Portugal, Alemanha e Estados Unidos vão sentar à mesma mesa, para uma reflexão em torno do tema “Mapeamentos históricos e críticos da arte em Angola”, inserido no projeccto “Diálogos Críticos”, numa iniciativa do Laboratório de Crítica e Curadoria (LabCC)
Trata-se de uma série de encontros, designado “Diálogos Críticos, cujo objectivo é de juntar profissionais da cultura entre os dias 15 e 16 de Fevereiro de 2023, no Camões Centro Cultural Português de Luanda, a partir das 18 horas.
Os encontros pretendem ser um ambiente de troca sobre as experiências de pesquisa da história de arte em Angola, a produção e registo artísticos como ferramentas de arquivo, e as práticas artísticas enquanto espaços de estudo, percepção e construção de uma história da arte em Angola.
O primeiro dia será marcado com dois painéis sendo que, terá como tema “Pesquisas e experiências de registo da história de arte em Angola”, tendo em conta o trabalho de arquivo, a construção teórica e académica da arte angolana, bem como focar em testemunhos de pesquisadores, sobre as estratégias e recursos de investigação no contexto angolano.
O painel contará com a participação de Delinda J Collier, investigadora americana com percurso no mapeamento das culturas Cokwe e autora do livro Repainting the Walls of Lunda: Information, Colonialism and Angolan Art (2016), e de Suzana Sousa, curadora e pesquisadora angolana com extensa produção ensaística sobre arte angolana, a destacar o recente ensaio “The Political Context of Current and Past Angolan Art”, que consta da colecção de ensaios On Art Hist in Africa (2020), editado pela RAW Material. No segundo painel vão debater sobre o potencial dos registos artísticos, feito por artistas, gestores culturais e académicos, como ferramentas de arquivo.
Focaliza as práticas artísticas como aliadas de processos de estudo, percepção e construção de uma história da arte e de uma discussão documentada e fundamentada sobre as nuances sociais, políticas e culturais em Angola.
O painel vai juntar três perspectivas diferentes com: a abordagem artística (com a artivista Pamina Sebastião e seus mapeamentos sobre corpos e suas políticas de re-imaginação); a abordagem de gestão e do circuito de galerias (com Dominick Maia Tanner, galerista que actualmente tem trabalhado sobre o acervo dos últimos trabalhos do falecido artista Paulo Kapela); e a abordagem académica (com Jorge Gumbe, actual reitor da Faculdade de Artes).
II Dia
Para o último painel dos “Diálogos Críticos”, a artista alemã baseada em Angola desde 2003, Iris Buchholz Chocolate irá partilhar, numa brilhante apresentação, os seus processos de conceptualização e investigação das hi(e)stórias através da criação de obras que geram questões que antes não existiam.
“O meu trabalho é baseado na investigação e inclui muitas vezes um longo período de investigação.
Por exemplo, a exposição ‘Okufeti(ka)’, de 2019, é uma reflexão sobre a humanidade, sobre como as sociedades antigas se congregaram e desenvolveram.
Foi inspirada pelo sítio arqueológico do Feti, no planalto central de Angola, um dos maiores sítios arqueológicos da África Central e Austral”, exalta a prelectora em nota a que OPAÍS teve acesso.
Neste momento, trabalha especificamente em dois projectos baseados em formas de comunicação não- verbal.
“Os filhos da meia-noite” baseia-se numa forma de escrita que era conhecida na América do Sul pré-colombiana e continua a ser um dos grandes mistérios da arqueologia.
“A teia dos significados” baseia-se numa vasta pesquisa em torno de uma antiga tradição de comunicação, que existia entre o povo Woyo de Cabinda.”
Organização
O Laboratório de Crítica e Curadoria (LabCC) é uma plataforma de partilha, pesquisa e experimentação em curadoria e crítica de arte, que tem dinamizado projectos multidisciplinares dentro de estruturas culturais, como facilitador da prática de jovens curadores e educadores de arte em Luanda.
Os projectos do LabCC estão entre três programas de actuação, designadamente, Diálogos críticos, Mapear / Arquivar e Novos sentidos.