Com a inauguração de duas unidades de produção, Mineração Buco-Zau e o complexo mineiro do Luezi, prevista para 27 de Abril de 2023, Cabinda mostra que além do petróleo e da madeira, o ouro é dos metais mais preciosos que tem. Quarenta dos 50 quilogramas explorados foram exportados para Portugal.
A Mineração Buco-Zau, uma empresa de direito angolano que se dedica à prospecção, desenvolvimento, extracção de activos de ouro e demais metais preciosos em Cabinda, produziu, entre 2021 e 2022, 50 quilogramas (Kg) de ouro.
Em entrevista ao Jornal OPAÍS, o director da Mineração Buco-Zau, Ranieri Almeida, disse que esta produção está avaliada em USD 2 milhões e 750 mil, sendo que as actividades tiveram início em 2015 com um investimento de cerca de 10 milhões de dólares para aumentar a capacidade de lavrar detritos de 30 toneladas para 180 toneladas/hora.
O primeiro investimento feito na fase inicial de USD 4 milhões permitiu a aquisição de uma planta de produção com capacidade para processar 50 toneladas/hora que, na verdade, só lavrava 30 toneladas de detritos o que provocou um impacto negativo na sua produção.
O investimento serviu para conferir maior agilidade e melhorar os dados económicos do projecto. De acordo com Ranieri Almeida, a empresa investiu mais dinheiro para a aquisição de uma segunda planta com capacidade de processamento de 150 toneladas/hora e adicionada às 30 toneladas da antiga unidade passará a ostentar uma capacidade total de 180 to- neladas/hora, cuja produção inicia em breve. A empresa, com sede em Luanda, iniciou a sua actividade no município de Buco-Zau em 2015, numa extensão de 331 quilómetros quadrados.
Além da Mineração Buco-Zau, a empresa controla também o complexo mineiro do Luezi que engloba três zonas de exploração, nomeadamente Luezi, Mongobuco e Penicácata. Com a entrada em funcionamento da nova unidade, segundo revelou o interlocutor, a capacidade de produção mensal da Mineração Buco-Zau será de 15 quilogramas de ouro, enquanto o complexo mineiro do Luezi vai produzir 12 quilos/mês.
“Queremos com isso um aumento da capacidade de produção para tornar o projecto ren- tável para que possamos captar uma série de acções que são importantes quer para a empresa quer para o desenvolvimento do município de Buco-Zau, em particular, e da província de Cabinda, no geral.” Até ao momento, a empresa controla 28% da zona potencial secundária já avaliada, com 54 ocorrências minerais identifica- das, com 38 áreas em desenvolvimento, das quais 21 lavradas.
No tocante às minerações primárias, os trabalhos de prospecção já efectuados permitiram a identificação de várias zonas potenciais de existência de ouro primário e 2.250 amostras indicativas de zonas onde está localizado este mineiro. “As actividades poderão ser executadas até Março de 2023 e a partir de Setembro começarmos com as sondagens exploratórias dessas áreas definidas na fase anterior e até Dezembro de 2024 fazermos o modelamento do bloco, o cálculo de recursos e o estudo de viabilidade económico”, referiu o director da Mineração Buco-Zau.
Mais de 200 empregos
O projecto Mineração Buco-Zau emprega, neste momento, 222 funcionários, 175 têm empregos directos, com idades que variam dos 20 a 55 anos distribuídos em sete áreas de actividades, tais como operações, máquinas e equipamentos, administração, geologia, transformação, beneficiamento e controlo. A primazia do emprego, segundo Ranieri Almeida, vai sempre para pessoas localizadas nas aldeias e áreas abrangidas pela exploração.
Em relação à protecção do meio ambiente, Ranieri Almeida adiantou que a empresa tem uma equipa bem treinada focada na conservação e reabilitação ambiental com a colecta e reposição de mudas da própria floresta do Maiombe. “Nós temos um viveiro no nosso estaleiro no Binga com cerca de 8.500 mudas que vão ser reabilitados nas áreas lavradas. Temos contribuído, em parceria com a gestão do Parque Nacional do Maiombe, na protecção da fauna, bem como temos de forma muito consistente monitorado com análises diárias e mensais as águas drenadas e dos entulhos das nossas operações”, assegurou.
Garimpo de ouro
NDIAMA quer lapidar 20 por cento do diamante produzido A governadora provincial de Cabinda, Mara Quiosa, manifestou preocupação com a actividade de garimpo de ouro que se desenvolve nos municípios de Buco-Zau e Belize, Norte da província, por cidadãos nacionais e estrangeiros. “Queremos junto do ministério da tutela encontrar formas para mitigar esse fenómeno”, frisou Mara Quiosa.
Segundo Mara Quiosa, fruto da auscultação realizada junto das populações dessas localidades, torna-se necessário licenciar e legalizar as peque- nas empresas para o exercício de exploração de ouro, porque “boa parte dos nossos jovens nestes dois municípios vivem e sobrevivem dessa prática”. Acrescentou que “Vamos ajudá-los a estar dentro da normalidade, a estarem mais organizados e com ajuda desse sector continuarem a sustentar as suas famílias”.
POR: Alberto Coelho, em Cabinda