O Ministério da Defesa do Reino Unido avisa que a capacidade dos russos de fazerem a manutenção dos equipamentos exportados vai ficar mais difícil durante pelo menos três anos.
A guerra na Ucrânia tem levado ao limite a produção bélica russa e, avisa, essa Quinta-feira, o Reino Unido, que as exportações de armas estão a sofrer com o declínio na reputação da Rússia como um “exportador de armas credível”.
No último relatório sobre a situação na Ucrânia, os serviços de inteligência do Ministério da Defesa britânico afirma que “o papel da Rússia como um credível exportador de armas está a ser muito provavelmente minado pela sua invasão na Ucrânia e pelas sanções internacionais”.
A guerra, explica o Reino Unido, apenas veio a intensificar uma tendência que já se vinha registando, já que “mesmo antes da invasão, a percentagem da Rússia no mercado de armas internacional estava a cair”.
“Agora, confrontada com exigências conflituosas, a Rússia vai certamente priorizar o desenvolvimento de novas armas para as suas próprias forças na Ucrânia, em vez de exportar para parceiros”, acrescenta.
No entanto, os serviços secretos britânicos referem que esta mudança na produção de armamento será difícil, já que as várias sanções económicas, aplicadas por vários países ocidentais e por aliados da NATO por todo o mundo, está a causar uma escassez de componentes que “está a afectar provavelmente a produção de equipamentos, como veículos armados, helicópteros de combate e sistemas de defesa antiaérea”.
“Além disso, a capacidade da Rússia de manter serviços de apoio para contratos de exportação em vigor, como o provisionamento de partes suplentes e manutenção, será seriamente dificultada durante os próximos três a cinco anos”, finaliza o Reino Unido.
As dificuldades de armamento na Rússia não são recentes.
No ano passado, perante a escassez drástica de armas para combater na Ucrânia, o regime passou a comprar equipamentos a países como a Coreia do Norte e o Irão.
O uso de drones iranianos para atacar infra-estruturas civis tem sido, aliás, muito criticado por governos ocidentais, apesar de tanto Teerão como o Kremlin negarem repetidamente a realização de encomendas após o início da guerra.
O presidente russo, Vladimir Putin, também já advertiu publicamente a produção de armas no país, pedindo em Dezembro que esta fosse acelerada para corresponder às exigências da guerra.
Segundo o Wilson Center, citado pela Sky News, a Rússia continua a ser o segundo maior exportador de armas do mundo, apenas atrás dos Estados Unidos.
A indústria russa é responsável por 20% das exportações globais de armas, o que corresponde a uma receita de 13,6 mil milhões de euros por ano.