Dados do Estudo da Cadeia de Valor do Sector das Pescas aponta para uma pesca continental que gera 30 mil empregos, enquanto pesca marítima é bastante diversificada e verdadeiro ponto forte do sector
O sector da pesca marítima é bastante diversificado e está dividido por produção industrial, com cerca de 100 embarcações industriais também dedicadas à exportação de produtos pesqueiros valiosos; 170 semi-industriais dedicados à pesca pelágica e demersal, e mais de 7.000 embarcações artesanais.
A importação nessa categoria ronda as mais de 32 mil toneladas, um pouco mais de USD 65 milhões, enquanto a exportação se ficou pelas 59 mil toneladas, cerca de USD 239 milhões. Contas feitas, a produção nacional se ficou pelas 449 mil toneladas, sendo que, 85% é consumi- do, internamente, e as vendas to- tais se ficaram pelos USD 844,9 milhões, sendo o “carro-forte” do sector, conforme os dados a que o jornal OPAÍS teve acesso.
As estatísticas oficiais apontam para a existência de uma presença relevante de pesca ilegal, não declarada e não regulamentada. Os três sectores de pesca marítima tiveram reduções drásticas na produção, nomeadamente 12% na produção industrial, 36% na semi- industrial e 17% na demersal, conforme os dados do Ministério das Pescas e do Mar (MINPESMAR), que apontam também para a existência do fenómeno da sobre pesca.
Os dados indicam ainda que aumentou as importações de carapau, peixe de grande procura. O peixe que é um dos alimentos proteicos favoritos da população, representando 14 kg de consumo per capita, não apenas por ser uma boa proteína, mas essencialmente por ter um custo por unidade bastante baixo e adequado para o consumidor. A pesca continental é por norma, uma pesca de subsistência, bastante apreciada pela população produção a rondar as mais de 23 mil toneladas, sendo 100% consumida internamente, o que dá 0.77 Kg per capita, e vendas que chegam aos USD 23,3 milhões.
Apesar de gerar cerca de 30 mil empregos, este é um segmento muito ligado à informalidade e que está ainda longe de ser capaz de garantir sustento industrial, pelo que os pescadores acabam por trabalhar em parttime na actividade da pesca continental, conciliando com outras actividades, como o caso da actividade agrícola.
A pesca continental está distribuída pela vasta rede hidrográfica angolana, com mais de 640.000 km2, conforme o Instituto Nacional de Recursos Hídricos (INRH) tem o entrave de muitas das áreas da pesca continental estarem isoladas, não possuindo serviços logísticos, nem serviços disponibilizados pelo das Pescas e do Mar (MINPESMAR). Os pescadores acabam por, muitas vezes, trabalhar em part-time na actividade da pesca continental, uma vez que têm outras actividades, geralmente agrícolas, e as vendas são feitas através de membros da família.
A grande maioria dos pescadores pratica a sua actividade na informalidade. A aquicultura foi durante largos anos considerada a solução para a importação de peixe em Angola e para a forte procura interna por produtos de peixe, mas a verdade é apenas as produções nacionais têm sido moderadas, não superiores a 2 mil toneladas, com vendas que ficam pelos USD 3,9 milhões.
POR: Ladislau Francisco