Já lá vão quase dois anos desde que partiu para a eternidade o então ministro da Defesa e dos mais emblemáticos militares do país: general Kundi Paihama.
Tive o privilégio de conhecê-lo e privar algumas vezes. Tive a sorte de num determinado momento ter escutado de vida voz a estória da carne para os cães, as- sim como o uso de relógios Rolex. Kundi Paihama era uma figura ímpar, independentemente do que se possa dizer sobre a sua figura.
Durante a sua passagem pela terra – porque se acredita que depois de tudo iremos ao céu e aí ganhar a vida eterna- foi exercendo as funções de ministro de Esta- do para Inspecção e Controlo que se agudizou o temor em relação à sua figura, tempos depois de ter passado pelos célebres Onças da Montanha.
Por inspecção e controlo entendia-se uma instituição que tinha como missão fiscalizar as acções concretas e a forma como estas estavam a ser executadas. Um mecanismo que naquela altura, em que o etu mudie- tu não imperava de maneira feroz, como hoje, impedia determinados maus comportamentos, incluindo o voraz apetite de continuamente se levar o que é público aos bolsos de muitos.
Nos tempos que correm, estes em que nos encontra- mos, claro que um Ministério para a Inspecção e Controlo não faria sequer qualquer sentido. A inspecção está dispersa, convenientemente aos diversos departamentos ministeriais, mas o controlo, embora se pensa existir em muitas instituições, não se faz sentir os seus efeitos como se pretende.
Há sim a Inspecção Geral de Estado (IGAE), que se vai exibindo, uma e outra vez, mas muitas quase sempre de forma reactiva, quando muito que se podia evitar está praticamente consumado.
A partir de hoje, felizmente, um grupo de responsáveis do Executivo deverá percorrer a província de Luanda para apurar o estado em que se encontram as obras do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), uma das principais coqueluches do primeiro mandato do Presidente João Lourenço.
As informações preliminares sempre apresentaram um quadro satisfatório em relação ao que tem sido feito. Basta ver o nível de execução e os prognósticos quanto ao término dos projectos em curso. Mas, ainda assim, houve derrapagens e atrasos que acabaram por com- prometer até mesmo politicamente o que se tinha inicialmente vendido em 2017.
As novas visitas de inspecção e controlo, longe daquelas do tempo do finado general Kundi Paihama, serão de grande valia. O que se espera é que não tragam dissabores porque, entre nós, há sempre algum gato escondido com o rabo de fora. Aguardemos pelos resultados…