A Rússia e os Estados Unidos reiniciaram, ontem, os contactos sobre o controlo de armamento, um diálogo suspenso desde o início da campanha militar russa na Ucrânia, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
O vice-ministro da diplomacia russa, Serguei Ribkov, abordou ontem “alguns temas de actualidade sobre o controlo de armamento” com a nova embaixadora dos EUA, em Moscovo, Lynne Tracy, assinalou o comunicado oficial.
As conversações decorreram apenas um dia após Tracy, fluente em língua russa, ter entregado as suas credenciais ao diplomata russo.
Na Segunda-feira, a embaixada dos EUA, em Moscovo, indicou que Tracy “concede uma especial atenção em manter o diálogo entre as capitais dos nossos países num período de tensão sem precedentes”.
Ribakov assinalou há poucos dias que na actual situação não existem condições para uma reunião da comissão bilateral sobre o tratado de desarmamento START III, que expira em 2016.
O responsável russo atribuiu a situação à retórica e acções dos Estados Unidos, o maior fornecedor de armamento à Ucrânia, que também acusou de provocar incessantemente Moscovo.
Washington suspendeu o diálogo sobre o controlo de armamento com Moscovo após o início da “operação militar especial” russa na Ucrânia em Fevereiro de 2022.
Em consequência, a Rússia informou, em Agosto, Washington da decisão em proibir as inspecções norte-americanas ‘in situ’ ao seu arsenal de armas nucleares, a alegar dificuldades para efectuar o mesmo processo nos EUA devido às sanções ocidentais relacionadas com as autorizações de vôo e concessão de vistos a funcionários russos.
Antes do reinício do diálogo, em 29 de Novembro passado, no Egipto, a Rússia também prorrogou, unilateralmente, as reuniões da comissão bilateral com os Estados Unidos sobre o Novo START.
Em Dezembro, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, advertiu que o congelamento, pelos Estados Unidos, do diálogo sobre estabilidade estratégica multiplica os riscos.
Em simultâneo, recordou que o último resultado palpável dos esforços conjuntos da Rússia e Estados Unidos foi o acordo destinado a prolongar, por cinco anos, o tratado de redução de armas estratégicas START até 05 de Fevereiro de 2026.
“É evidente que os problemas se irão acumulando devido à ausência de um trabalho negociador para manter a estabilidade estratégica. Isso poderá implicar uma multiplicação dos riscos”, disse Lavrov.
O chefe da diplomacia de Moscovo também frisou que a política dos EUA e da NATO aponta, na prática, para um conflito armado com a Rússia, representando “uma grave ameaça”.
“É evidente que isso pode conduzir a um conflito directo entre potências nucleares de consequências catastróficas”, sublinhou.