O antigo presidente russo reagiu assim ao anúncio do FMI, que prevê um crescimento acima do esperado da economia russa, apesar das sanções impostas, do esforço de guerra na Ucrânia e dos constrangimentos na China
O antigo presidente russo e actual vice-presidente do Conselho de Segurança do país, Dmitry Medvedev, fez essa Terça-feira um comentário irónico sobre a situação económica do país e as sanções aplicadas pelo Ocidente, considerando que “os inimigos não têm coragem de admitir que as suas sanções ‘infernais’ falharam miseravelmente”.
As declarações do político russo surgem depois de o FMI, na sua previsão dessa Terça-feira, ter previsto uma taxa de crescimento de 2,9% em 2023 para a Rússia, e de 3,1% em 2024.
“Não funcionam. A grande maioria dos produtos industriais e bens de consumo foram substituídos pelos nossos próprios, russos, e os que faltavam por marcas asiáticas.
As importações paralelas também funcionam, das quais obtemos as mesmas marcas ocidentais e seus proprietários não recebem nada.
Então está tudo como sempre: os americanos fazem dinheiro com uma Europa humilhada. A Europa esmagada resiste e perde dinheiro.
Ao mesmo tempo, até o FMI prevê crescimento económico na Rússia este ano”, afirmou Medvedev.
O crescimento previsto pelo FMI para a Rússia é superior ao de algumas economias importante, nomeadamente o Reino Unido assim, a economia russa deve crescer 0,3% em 2023, um grande salto em relação à contracção de 2,3% prevista em Outubro.
Apesar de salientar os contextos sócio-económicos e geo-políticos que podem afectar, negativamente, este crescimento, especialmente a guerra e o enorme número de sanções impostas contra o regime, o FMI considera que “os riscos adversos tornaram-se moderados” desde a última previsão Medvedev avisou ainda que a Rússia vai continuar a usar produtos ocidentais “sem quaisquer licenças ou pagamento de ‘royalties’”, em todos os conteúdos, “desde filmes a softwares industriais”.
Ironizando, o líder russo e figura importante no Kremlin agradeceu aos piratas de software, que têm permitido que o regime use produtos sem necessitar de licenças específicas, colocando até um ‘emoji’ na sua mensagem.
Depois da invasão em território ucraniano e da forte resposta por parte da União Europeia, dos Estados Unidos, do Canadá, do Reino Unido, entre outros países ocidentais, a Rússia ultrapassou o Irão e a Coreia do Norte e tornou-se no país mais sancionado do mundo, tendo sido o alvo de mais de 11 mil sanções contra indivíduos, entidades e empresas ligadas ao regime e ao esforço de guerra.