Desde muito tempo, sempre existiu espaço com a função de orientar os indivíduos, conquanto não tivesse, se calhar, a designação de escola, mas um espaço próprio para educação, sem dúvida, sempre houve.
Por exemplo, para realidade angolana, nas aldeias das zonas rurais (no musseque), os jangos e as sombras da mulembeira (árvore) já foram os locais da concretização do saber, ou seja, aqueles espaços já eram escolas.
Embora já surgisse autores e pensadores que propuseram a descolarização das sociedades, caso de Ivan Illich, porém as pessoas sempre acreditaram que a escola é um ente indispensável às sociedades e à vida particular de cada indivíduo, o espaço ideal da construção e da concretização da educação formal, capaz de tornar o homem ideal, com o fito de ajudar no desenvolvimento pessoal, social e a nível da nação.
Em Angola, as famílias dão as responsabilidades às escolas do que às próprias famílias, quer dizer, a escola tornou-se o espaço ideal de educação dos filhos, um local onde não só os saberes científicos existem, como também (valores) axiológicos, por isso, por aqui, qualquer atitude indecorosa pressupõe a não escolaridade.
Graças ao papel que a escola tem no mundo, andamos a ver o crescimento galopante de escolas a nível da nossa urbe, na cidade capital, por exemplo, são poucas as ruas que não há presença física de escola. Na identificação da função e o bem que a escola desempenha a nível do mundo, muitos procuram fazer das escolas um meio através do qual possam angariar fundos monetários.
É que Laval (2004) diz “ A escola neoliberal designa um certo modelo escolar que considera a educação como um bem essencialmente privado e cujo valor é, antes de tudo, económico”.
A verdade é que a economia não pode ser o ponto fulcral da educação, decerto, não é isso.
A lei 17/16 de 07 de Outubro de 2016 (Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino) apresenta Princípios Gerais do Sistema de Educação e Ensino, entre os quais o princípio de Qualidade de serviços, no seu artigo 14, que diz “o exercício da actividade educativa, as instituições de ensino devem observar elevados padrões de desempenho e alcançar os melhores resultados no domínio cientifico, técnico, tecnológico e cultural e na promoção do sucesso escolar, da qualidade, da excelência, do mérito e da inovação”.
Com esse princípio, os empresários que olham a escola numa perspectiva de empresa devem saber que é importante enaltecer esse princípio do artigo 14, que velem pela qualidade, procurem contractar bons profissionais, fazendo da escola um lugar de educação.
Entendemos e aceitamos a realidade que o Estado não consegue construir escolas para atender à demanda populacional, dada à densidade demográfica, por isso, há existências de parceiros do Estado que fazem com que haja, além das escolas públicas, escolas publico-privadas e escolas privadas.
Todavia, o nascimento de muitas escolas privadas sem o princípio de qualidade de ensino preocupa hoje e amanhã, porque torna o ensino sem qualidade, escolas que não trazem o bem à nação, onde os gestores submetem-se aos alunos, os professores são humilhados, muitos os alunos (clientes) fazem e desfazem, porque pagam propinas.
Os indicadores são visíveis, embora não se fizesse um estudo aprofundado, porque a observação nos faz inferir que a grande intenção dos empresários na construção de escola não tem como base a educação (capital cultural), mas tem como base o dinheiro (capital económico), isto é, uma perspectiva da escola como empresa.
Por conseguinte, aos proprietários das instituições escolares recai a responsabilidade e a noção de que a escola pode lhe proporcionar valores económicos, mas não podem ver a escola como uma qualquer empresa, que os alunos não são simples clientes, considerem que os alunos fazem parte dos principais agentes da educação.
Técnico do Gabinete Provincial da Educação de Malanje
Por: Adilson Fernando João