O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, chegou, ontem, ao Egipto, primeira etapa da visita que o leva depois a Jerusalém e Ramallah, na esperança de usar a influência de Washington para aliviar as tensões e violência israelo-palestiniana
No Cairo, Blinken vai encontrar-se com o seu homólogo egípcio Sameh Choukri, e com o Presidente Abdel Fattah al-Sisi, e a situação nos territórios ocupados estará na ordem do dia das conversações, uma vez que Cairo tem desempenhado, historicamente, um papel de intermediário com palestinianos e israelitas.
Esta viagem, há muito planeada, surge numa altura em que, em poucos dias, a situação de segurança nos territórios palestinianos ocupados por Israel se deteriorou subitamente.
Na Sexta-feira e no Sábado, sete pessoas foram mortas e duas ficaram feridas em ataques em Jerusalém Oriental, a parte palestiniana da Cidade Santa ocupada por Israel e anexada, com um dos ataques a ocorrer perto de uma sinagoga.
També na Sexta-feira, o exército israelita bombardeou a Faixa de Gaza em resposta ao disparo de foguetes a partir do enclave, que Israel mantém sob bloqueio.
A violência cresceu depois do ataque em que forças israelitas mataram nove palestinianos, na Quinta-feira, em Jenin, no Norte da Cisjordânia, o ataque mais mortífero de Israel em anos.
Perante o aumento da violência, Blinken vai instar o primeiroministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, a “tomarem medidas urgentes para conter a violência”, como adiantou o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, depois de Washington ter condenado o ataque “terrível” em Jerusalém Oriental.
Na visita, Segunda e Terça-feiras, a Jerusalém e Ramallah, Blinken sublinhará “a importância de manter o ‘status quo’ histórico” no complexo da Mesquita de Al-Aqsa, na cidade de Jerusalém Oriental, o terceiro local mais sagrado do Islão e também o mais sagrado do Judaísmo, onde palestinianos e israelitas se confrontam regularmente.
Hoje [ontem], no Cairo, um importante aliado regional de Washington, o secretário de Estado norte-americano também deverá abordar questões regionais, incluindo a Líbia e o Sudão.
O Egipto, um dos principais destinatários da ajuda militar norte-americana, é regularmente apontado por vários países e instituições, e também pelos Estados Unidos, pelo seu historial de violações dos direitos humanos, considerado “catastrófico” pelas ONG.
O chefe da diplomacia norteamericana também deverá reunir-se no Cairo com actores da sociedade civil e activistas dos direitos humanos, que recordam constantemente que o país tem mais de 60 mil prisioneiros de consciência.