A presidente do Peru, Dina Boluarte, pediu, esta Quarta-feira, aos “países amigos” que apoiem a proposta para antecipar as eleições e ajudem a alcançar uma solução “pacífica” para a crise no Peru, informou o site Notícias ao Minuto.
“Ajudem o Peru a encontrar o seu caminho através de eleições livres”, referiu a governante durante uma participação virtual no Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), com sede em Washington.
Boluarte destacou que ouviu “com muita atenção” às intervenções dos homólogos na cimeira da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), em Buenos Aires, agradecendo as manifestações de preocupação e solidariedade com o Peru.
A chefe de Estado deixou, no entanto, perguntas aos parceiros da região: “Que solução vocês propõem perante a crise no Peru? A solução da violência ou da paz e da democracia?”.
Durante a cimeira da CELAC, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Peru, Ana Gervasi, lamentou que existam governos que “não acompanharam o Peru” após o auto-golpe de Estado falhado do expresidente Pedro Castillo, embora não tenha especificado a quais país se referia.
Pouco antes desta intervenção na CELAC, o Presidente chileno, Gabriel Boric, tinha defendido uma “mudança de rumo” no Peru diante da violência “inaceitável” nas últimas semanas, enquanto o seu homólogo mexicano, Andrés Manuel López Obrador, pediu uma contestação conjunta contra a “repressão” e pela liberdade de Castillo.
No seu discurso perante a OEA, Boluarte lembrou que pediu ao Congresso (Parlamento) peruano que aprove “o quanto antes” a antecipação das eleições.
“E espero sinceramente que os países amigos da região apoiem a única saída para a crise”, realçou, considerando que essa saída é “ao mesmo tempo pacífica, constitucional e coerente com a tradição da OEA e da região”.
Também esta Quarta-feira, o primeiro-ministro do Peru, Alberto Otárola, adiantou que o governo está “satisfeito” com o calendário estabelecido pelo Congresso para a segunda votação do projecto de lei que propõe antecipar as eleições gerais para Abril de 2024.
Ao longo do seu discurso, Boluarte relembrou os acontecimentos desde a tentativa de golpe de Estado de Castillo até aos protestos antigovernamentais, assegurando o seu compromisso para “dar a mais de 33 milhões de peruanos a oportunidade de decidir o seu destino” com a participação de todas as forças políticas e sociais, já que “está em jogo a estabilidade do país”.
Boluarte garantiu ainda que não se renderá “a grupos autoritários” e insistiu que o seu governo defende o direito ao protesto pacífico, mas lembrou que o Estado “tem de garantir a segurança e a ordem”.
Desde que começaram, em Dezembro passado, as mobilizações já mataram mais de 60 pessoas, das quais 45 em confrontos com forças de segurança, enquanto um polícia morreu após ter sido queimado vivo por manifestantes.
A crise política que abala o Peru é também reflexo do enorme fosso entre a capital e as províncias pobres que apoiam Castillo, de origem ameríndia, e que nunca foi aceite no Palácio Presidencial pela elite e a oligarquia da capital, e pelos principais “media”, na posse de abastados empresários.