Altos funcionários do Departamento de Estado admitiram na Terça-feira que ainda não têm qualquer pista que lhes permita explicar os supostos “ataques” a seus diplomatas em Cuba durante 2017.
Após vários meses de denúncias e investigações, as autoridades americanas ainda não sabem como os “ataques” foram feitos, quem são os responsáveis e nem com qual finalidade. “Não estamos muito mais avançados do que estávamos em entender o que aconteceu”, reconheceu nesta Terça-feira o sub-secretário de Estado para Assuntos Públicos, Steve Goldstein.
De acordo com o funcionário, o Departamento de Estado está convencido de que “Cuba sabe o que aconteceu”. “Eu gostaria que nos dissessem o que aconteceu, para que não ocorra novamente”, afirmou. Os supostos “ataques” e a reacção do próprio Departamento de Estado a essa situação foram objecto de uma audiência pública nesta Terça-feira no Comité de Relações Exteriores do Senado, onde a total ausência de informações se tornou evidente. Irritado com a incapacidade do Departamento de Estado em avançar nas investigações, o presidente do referido comité, o senador cubano-americano Marco Rubio, impulsionou a criação de uma comissão para analisar a resposta da chancelaria.
Tecnologia sofisticada
Rubio alegou que a comissão independente de revisão deveria ter sido ordenada já no começo do ano passado, quando se verificaram os primeiros casos de funcionários da embaixada com sintomas fora do normal. “O Departamento de Estado não seguiu a lei”, ao não ter determinado essa revisão já no ano passado, disse Rubio. Da audiência pública, só foi possível saber que as investigações continuam, que 24 funcionários da embaixada em Havana e seus familiares denunciaram os “ataques” e que ainda não se sabe nada sobre o ocorrido. Inicialmente, as autoridades americanas especularam com a utilização de um ultrasom, embora a imprensa aponte que um estudo conduzido pelo FBI admitiu ser incapaz de confirmar essa teoria.
Rubio afirmou nesta Terça-feira que é “irrelevante” saber se os ataques foram realizados com algum dispositivo acústico ou de microondas. “No fim do dia soubemos que houve um ataque e que houve lesões a 24 americanos trabalhando e vivendo em Havana como parte da embaixada”, disse. “O ocorrido é resultado de uma tecnologia sofisticada. Francamente, tão sofisticada que nós ainda não a entendemos”, acrescentou. O senador mencionou a possibilidade de que os ataques tenham sido perpetrados por grupos autónomos dentro do Governo cubano, mas disse não ter provas sobre isso.
“Os cubanos sabem quem foram os responsáveis, porque vigiam todos, todos os dias”, assegurou. Para Rubio, os responsáveis “por esses ataques querem introduzir fricções nas relações bilaterais, e além disso trata-se de um grupo com capacidade tecnológica e experiência para isso”. Cuba nega a responsabilidade nos episódios, e o seu Governo informou, ao fim de uma rigorosa investigação, não ter encontrado qualquer indício de que esses episódios tenham acontecido.