Há aqueles dias em que não convém sequer sair de casa para não nos depararmos com alguma situação de que não gostamos.
São aquelas vezes em que até pintamos de branco o que é preto e vimos os que se adornam com esta última cor como se vestissem dourados. É que aos poucos se vai tornando difícil perceber os desejos de cada um, angústias, frustrações e até mesmo o pensamento em relação ao que se pretende com o país.
Diariamente, para não variar, sempre que procura- mos informações sobre Angola, suas gentes e o que estará a acontecer, muitos se apresentam críticos ao que vai acontecendo em todos os segmentos.
Desde a ascensão de João Lourenço ao poder – e algumas medidas tomadas no sentido de se travar o apetite voraz com que alguns se atiravam contra o interesse nacional- que se vê aumentar vozes contrárias em determinados segmentos da vida políca, económica e social.
Aos poucos nos fomos apercebendo da importância que os impostos tinham para o país, de tal modo que num determinado momento nos gabamos até em dizer que já se conseguia para os salários com base na- quilo que o próprio Estado tributava.
Aliás, num país em que, às vezes, se percebe que todos entendem de tudo, era fácil observar os que trazem para a opinião pública saberes como ‘um Estado deve viver de impostos’. Uma realidade que esperávamos que viesse a acontecer no nosso país, apesar dos constrangimentos de vamos vivendo.
Só que pagar impostos é uma autêntica dor de cabeça para muitos em Angola. Há momentos em que nos perguntamos se era por causa dos problemas económicos e sociais de que muitos padecem? Só que não. Parece existir mesmo uma cultura em que até aqueles que mais exigem do Estado, sugerindo inúmeras fórmulas para a resolução dos vários problemas económicos que enfrentamos, andam desencontrados com os argumentos que são exibidos em workshops e outros encontros onde se discutem supostas soluções para os nossos males.
Quem diria que um país como Angola, onde diariamente muitos experts debitam as suas ideias, sobre vários assuntos, muitos dos quais apontando feroz- mente a voz ao Executivo, não conseguissem sequer cumprir alguns pressupostos básicos para serem encarados como gente séria?
Afinal, mais de 50 por cento dos 200 mil contribuintes empresariais controlados pela base cadastral da Administração Geral Tributária (AGT) no país fogem ao fisco, sem apresentarem declarações fiscais de rendimento dentro do prazo estabelecido.
Quem diria! Se olharmos para a quantidade de empresários que se queixam do Estado, hoje, poderemos ter a mínima noção do que vivemos em termos de exemplos. É provável que alguns terão as suas razões, mas tendo em conta a dimensão do fosso, facilmente perceberemos de que há muito caminho ainda por se trilhar em termos daquilo que são os nossos deveres e as nossas obrigações, independentemente da área em que cada um actua.