As estruturas foram construídas em terrenos entulhados e sem compactação há 10 anos, uma delas nunca beneficiou de um plano de reabilitação. Numa das instituições, as rachaduras não pouparam o gabinete de serviço do director.
POR: Milton Manaça
Trata-se da Escola II ciclo 2035 (Puniv) e do Instituto Médio Politécnico 6035, localizados na Urbanização Nova Vida, em Luanda, erguidas por uma construtora chinesa cujas estruturas apresentam vários sinais de degradação. No Puniv, a situação é mais preocupante, tendo em conta que as rachaduras já atingiram quase todos os compartimentos da instituição, do tecto ao chão, situação que tem estado a preocupar o director da escola, Romano Gonçalves. Segundo ele, a situação teve início há cinco anos e em 2014 informou os seus superiores sobre o estado da estrutura na esperança de que a mesma fosse contemplada com um plano de reabilitação, o que lhe terá sido confirmado como certo para o ano de 2015, mas até ao momento praticamente nada foi feito nesse sentido.
Além das salas de aulas, outros compartimentos também estão afectados, incluindo as paredes e o tecto do gabinete do director, que explicou a este jornal que a situação piora ano após ano. “A instituição apresenta um estado de degradação acentuado. Tem fissuras profundas que carecem de uma reabilitação geral”, disse Romano Gonçalves. Por entender que a situação representa um perigo para os alunos, a direcção decidiu encerrar parte das casas de banho onde as fissuras apresentam um estado mais avançado. As paredes apresentam-se sujas porque nunca beneficiam de uma nova pintura e algumas portas das salas e outros compartimentos encontram-se também degradados.
Reagentes do laboratório caducados
Romano Gonçalves explicou que o funcionamento do laboratório da instituição está condicionado porque parte dos reagentes encontram- se caducados, ao que acresce o facto de os equipamentos estarem escritos na língua chinesa, o que faz com que muitos técnicos “não dêem conta do recado”. Junto ao Puniv foi erguido o Instituto Médio Politécnico 6053, inaugurado um ano após o acabamento da primeira instituição. Apesar das fissuras no edifício serem inferiores em relação ao da instituição vizinha, consequência de pequenas obras de restauro de que beneficiou há quatro anos, o seu responsável disse que enquanto a base do edifício não encontrar uma camada estática que a suporte os problemas vão continuar.
“O problema está na construção porque não se criou suporte. Este é um terreno que foi entulhado e não se fez a compactação”, disse João Domingos, esclarecendo que os edifícios vão continuar a ceder até encontrarem uma base estável. Todavia, a instituição socorre-se de medidas paliativas graças aos préstimos dos alunos do curso de construção civil, que passaram a fazer algumas aulas práticas fechando parte das fissuras insuficientes para travar o avanço das mesmas. Para diminuir o avanço das rachaduras, João Domingos disse que a direcção que dirige tem sido implacável na observância do número de alunos por sala, apenas 36 alunos por turma, segundo a Lei de Bases da Educação. “Nós mantemos o número de alunos estipulado por lei nas salas porque é uma forma de conservar a escola. Quando excedemos o número de utilizadores do edifício diminuímos o seu tempo de vida”, defendeu João Domingos.