O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlüt Cavusoglu, e o seu homólogo iraniano, Huseyin Abdullahiyan, garantiram ontem que os seus países apoiam a integridade territorial da Síria, com quem Ancara retomou recentemente relações oficiais.
O iraniano sublinhou que Teerão aprecia o mais recente desenvolvimento nas relações entre Turquia e Síria, lembrando que uma melhoria do relacionamento terá um efeito positivo na região.
Os dois ministros abordaram, ontem, em Ancara, a luta contra o terrorismo, a situação na Síria, no Iraque e a guerra na Ucrânia, bem como a situação nos territórios palestinianos e no Afeganistão.
Os governantes sublinharam, em conferência de imprensa conjunta, que a política do governo afegão de manter as mulheres fora das escolas não tem relação com o Islão.
Mevlut Cavusoglu reiterou ainda a objecção da Turquia às sanções europeias e dos Estados Unidos contra o Irão.
Sobre a reunião tripartida que decorreu entre os ministros da Defesa turco, sírio e russo, o ministro turco adiantou que “está prevista a realização de uma reunião a nível de ministros dos Negócios Estrangeiros”.
“Também informamos o Irão antes e depois da realização dessas reuniões”, acrescentou Cavusoglu, garantindo que a contribuição do Irão para este processo é importante.
O ministro turco referiu que a guerra na Síria criou um vácuo e uma oportunidade para os terroristas que queriam separar a Síria para estabelecer um estado terrorista.
Porém, as operações militares na área da Turquia colocaram um fim a esses planos, acrescentou.
Enfatizando que os terroristas devem ser expulsos das áreas fronteiriças da Turquia na Síria, Cavusoglu repetiu as críticas de Ancara a Moscovo e a Washington.
“Os Estados Unidos e a Rússia não cumpriram as suas promessas nesta matéria.
Os terroristas não foram expulsos daqui, os ataques contra o nosso país continuam. Temos de lutar juntos contra o terrorismo”, concluiu o ministro turco.
A guerra civil síria iniciou-se em 2011, opondo o governo do Presidente Bashar al-Assad, com apoio da Rússia e do Irão, a um governo interino apoiado pela Turquia, entre outros beligerantes, num conflito que provocou centenas de milhares de mortos.
Vizinha da Síria, a Turquia é, há mais de uma década, o mais importante apoio político e militar da Oposição síria, que inclui movimentos e formações islâmicas, consideradas “terroristas” por Damasco.
Desde 2016, a Turquia lançou três ofensivas militares em solo sírio contra as forças curdas no Norte, o que lhe permitiu controlar uma faixa de fronteira do lado sírio, o que Damasco considera como “ocupação”.
As recentes reuniões entre as autoridades turcas e sírias quebraram uma ruptura política – diplomática que durou mais de uma década.
Em meados de Dezembro, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tinha avançado com a possibilidade de poder reunir-se com o homólogo sírio, com quem mantinha boas relações antes de 2011.
Já em Janeiro, o Presidente sírio, Bashar al-Assad, defendeu que a reaproximação em curso entre Damasco e Ancara, sob a égide da Rússia, deve ter como objectivo “o fim da ocupação turca” da Síria.