O deputado da UNITA, Manuel Sampaio Mucanda, está a ser acusado de recusar- se a fazer o teste de bafómetro depois de se envolver em acidente de viação, na província da Huíla, em que resultou no ferimento de pessoas
Numa nota de imprensa, divulgada ontem, a que OPAIS teve acesso, o Comando Provincial da Polícia na Huíla refere que, por volta das 15h00, do dia 14 do corrente mês, o deputado Manuel Sampaio Mucanda, ao volante de uma viatura de marca Toyota, modelo Hilux, embateu na par- te traseira de um motociclo, vulgo kaleluya.
De acordo com o documento, o violento embate provocou o capotamento do motociclo e a projecção dos seus ocupantes para o solo, causando-lhes ferimentos. Porém, chamados ao local, cerca de 30 minutos depois do acidente, os agentes da Polícia encontraram apenas os feridos, que os informaram que o condutor do outro veículo havia continuado a sua marcha em direcção ao município do Lubango, sem lhes prestar qualquer socorro.
Pelo seu estado, os agentes transportaram os feridos para o Hospital Central do Lubango com ajuda de uma ambulância. Entretanto, ao passar pelo posto policial do Toco, prossegue o documento, o deputado foi abordado, tendo nesta altura apresentado a sua identificação. Pela sua condição de parlamentar, o mesmo foi conduzido ao Departamento de Investigação e Ilícitos Penais, e não ao piquete, por se entender que naquelas instalações policiais havia a necessária discrição para a realização dos procedimentos cabíveis em caso de acidentes rodoviários.
Segundo o documento da Polícia, convidado a submeter-se ao teste de alcoolémia, geralmente conhecido como sendo teste do bafómetro, procedimento obrigatório em caso de acidentes de viação, o deputado da UNITA recusou-se, alegando apenas fazê-lo na presença do seu advogado, que, entretanto, nunca chegou a aparecer. Na sequência, o Comando Provincial da Polícia na Huila refere que, uma vez que não se ultrapassava o impasse e tendo em conta que, nos termos da Constituição da República, ninguém pode ser obrigado a prestar provas contra si próprio, o parlamentar foi escoltado pelos agentes até uma residência que indicou, onde foi deixado em segurança.
Já às primeiras horas da manhã do dia seguinte, a Polícia refere que Sampaio Mucanda foi contactado, por telefone, pelo comandante provincial da Polícia na Huíla, o comissário Divaldo Martins. Durante a conversa, o deputado alegou ter sido vítima de chantagem por parte dos polícias que o interpelaram no Toco, sem ter esclarecido em que termos. “Durante a conversa, o comandante provincial esclareceu ao senhor deputado que além de os sinistrados terem informado aos polícias que o mesmo havia descido da viatura com uma garrafa de cerveja e testemunhas terem alegado que apresentava indícios de embriaguez, o teste de alcoolémia é realizado a todos os intervenientes em acidentes e que ao recusar-se faz pender sobre si uma presunção de condução sob efeito de álcool, que será resolvida em tribunal”, esclarece o documento.
Deputado nega fuga e consumo de álcool
Por seu lado, na apresentação pública da sua versão, o deputado Manuel Sampaio Mucanda alega os ocupantes da motorizada “Kaleluia” tiveram alguns ferimentos mas que foram levados ao hospital, sendo que, “felizmente, todos já tiveram alta”. De acordo com o deputado, de- pois do acidente o mesmo permaneceu no local durante alguns minutos, mas que depois foi aconselhado a sair para uma esquadra mais próxima a fim de evitar o risco de ser agredido pelas populações e a viatura ser danificada completamente.
O político assegurou ainda que em nenhum momento a Polícia ou uma outra pessoa “obrigou-me a solidarizar-se com as vítimas. Foi decisão própria, consciente da responsabilidade que devo assumir neste acontecimento”. Outrossim, o parlamentar diz não ter consumido álcool e que em nenhum momento negou fazer o teste do bafómetro, tendo apenas solicitado que o procedimento fosse realizado diante do seu advogado. “Em nenhum momento houve tentativas de fuga da minha par- te, pois estava sendo assegurado desde o local do acidente até à casa onde passei a noite. Não afrontei nem desafiei as autoridades policiais”, assegurou o político.