Músicos e fazedores de cultura e arte levaram, ontem, as suas preocupações e dificuldades ao Presidente da República e este deu-lhes garantias de todo o seu apoio.
POR: Neusa Filipe
O Presidente da República, João Lourenço, concedeu, ontem, no Palácio Presidencial, a primeira audiência do ano, aos músicos e fazedores de arte e cultura angolana, tendo garantido apoio para a realização do Carnaval 2018. No fim do encontro, a ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, afirmou em declarações à imprensa haver garantia de verbas para o Carnaval 2018.
A titular da pasta da Cultura aproveitou a ocasião para tranquilizar os foliões que vão actuar no Carnaval 2018, já que o Presidente da República deu garantias da existência de verba para o entrudo. “Foi-nos dada a garantia pelo Presidente da República de que haverá verbas para o carnaval. O carnaval vai se realizar com a mesma alegria e se calhar com mais animação, mais diversidade e sobretudo com mais sustento às nossas tradições e à nossa cultura”, afirmou, a ministra Carolina Cerqueira. Considerou que o facto de ter sido a primeira audiência do ano de 2018 leva a augurar dias melhores para a Cultura nacional.
Disse terem visto uma sensibilidade e uma visão do Estado em relação a cultura. A ministra informou ainda que no referido encontro foram abordadas várias questões relacionadas às dificuldades que vivem os artistas angolanos, entre as quais a falta de apoio institucional e financeiro que a cultura sente para realizar o seu programa de trabalho e concluir muitas das propostas e ideias que tem em carteira. “Pensamos que o conforto institucional que o PR concedeu hoje é uma prova de que nós poderemos avançar para projectos que fortaleçam a actividade cultural no seu todo e que promovam o desenvolvimento económico e a solidariedade entre as pessoas, porque a cultura é base de coesão, da reconciliação e da tolerância”, avançou.
O saxofonista Nanutu falou em nome dos músicos angolanos, referindo que conseguiram, durante a audiência com o PR, colocar várias questões entre as quais, a situação dos mais velhos que muito deram à cultura angolana, tendo o Presidente dado garantias de rever a questão. Nanutu falou ainda da situação da fábrica de discos e da necessidade de haver um apoio e um investimento do empresariado privado. Levantou igualmente a questão dos direitos do autor, que considerou pertinente durante a audiência, alegando que “os músicos estão cansados de verem os seus direitos a serem vendidos por outros agentes sem a devida autorização”.
“Nós ficamos a saber que o Presidente da República desconhecia muitas situações, quer dos artistas quer de músicos e na generalidade a cultura. Há muitos problemas ainda existentes”, disse, Nanutu. Ainda no leque de problemas que afligem os artistas angolanos, foram evidenciadas a questão da valorização da carteira profissional pelo facto de haver já uma legislação neste sentido, a necessidade de haver um intercâmbio com o empresariado privado e ainda a questão da reabertura dos antigos centros recreativos, considerando que eram, de certa forma, o ganha-pão de alguns artistas.
Nanutu informou que os músicos aproveitaram a ocasião com o PR e colocaram também a questão da importação de discos, propondo a implementação de uma fábrica de CD em Angola, alegando que os músicos estão a pagar muito caro com a fabricação de CD fora do país e com o pagamento dos impostos alfandegários. “Sua Excelência mostrou-se completamente aberto. A verba está disponível para apoiar esta iniciativa, basta-nos apresentar o projecto que o próprio Governo vai financiar e nós vamos ganhar asas para fazermos a nossa parte”, salientou. O humorista Cesalty Paulo falou em nome do grupo ‘Os Tunezas, apelando à criação de melhores condições de trabalho para os artistas angolanos e para que seja dada uma outra abrangência aos fazedores de arte a fim de continuarem a fazer o seu trabalho com melhor qualidade.
Paulo Flores oferece o ‘‘Candongueiro voador’ ao PR
O músico Paulo Flores aproveitou a ocasião e ofereceu ao Presidente da República, João Lourenço, um dos seus discos, intitulado ‘Candongueiro voador’, tendo considerado revitalizante a primeira audiência com o PR. “Para nós foi reconfortante ter a primeira audiência de sua Excelência dedicada à cultura e às dificuldades que temos, para fazer com que a nossa cultura se torne cada vez mais forte. Hoje falamos do resgate à cultura, da memória folclórica, porque nós, no fundo, acabamos por pagar para fazer a nossa própria cultura e ele deixou-nos com uma abertura para podermos comunicar esses problemas todos que temos”, disse.