A cidade de Soledar “é e sempre será ucraniana”, declarou ontem o exército ucraniano, após o grupo russo Wagner ter declarado o controlo desta localidade a 15 quilómetros de Bakhmut, que a Rússia tenta conquistar desde o verão passado. “Soledar foi, é e sempre será ucraniana!”, afirmou o Exército ucraniano na rede social Telegram.
Os militares ucranianos disseram que “não é verdade” que o líder do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, esteja dentro das minas de sal de Soledar, conforme a foto divulgada pela agência de notícias russa RIA Novosti. O chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigojin, tinha dito hoje [ontem] que os mercenários conquistaram Soledar, na região ucraniana de Donetsk, no Leste da Ucrânia.
“Unidades da Wagner assumiram o controlo de todo o território de Soledar. Continua a luta no centro da cidade, onde estão a ser travadas batalhas urbanas.
O número de prisioneiros será anunciado amanhã [Quinta-feira]”, disse Prigozhin na plataforma Telegram.
O fundador do Wagner garantiu que nenhuma unidade, excepto a organização paramilitar, participou no ataque a Soledar.
Horas antes, o líder da auto-proclamada República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, tinha já garantido que Soledar estava sob o controlo dos mercenários do grupo Wagner.
Bakhmut é uma cidade de importância estratégica questionável, mas assumiu valor simbólico à medida que ambos os lados lutam pelo controlo há meses.
Situada em Donetsk, no Donbass (Leste da Ucrânia), é uma das quatro regiões que a Rússia disse ter anexado no final de Setembro do ano passado, juntamente com Lugansk, Kherson e Zaporijia, depois de ter feito o mesmo com a Crimeia em 2014.
Estas anexações não são reconhecidas pela Ucrânia, nem pela generalidade da comunidade internacional.
A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia — foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.952 civis mortos e 11.144 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.