Washington está preocupado com a visita de um cargueiro russo a uma base naval na África do Sul, disse uma autoridade norte-americana ao Wall Street Journal (WSJ)
As relações entre Washington e Pretória ficaram tensas, depois que um cargueiro russo visitou a maior base naval da África do Sul no mês passado, informou o WSJ, na Segunda-feira (9).
A ministra da Defesa sul-africana disse que os Estados Unidos têm pressionado as nações africanas sobre quaisquer ligações com Moscovo, de acordo com a agência.
Washington está “preocupado com o apoio que as Forças Armadas sul-africanas forneceram à ‘Lady R’”, disse um alto funcionário dos EUA ao WSJ, referindo-se a uma embarcação russa que foi sancionada em Maio por seu suposto envolvimento em remessas de armas para Moscovo.
No início de Dezembro, o navio foi autorizado a entrar na base naval de Simon’s Town com os seus transponders desligados e mover livremente a carga para lá, afirmou a mídia.
“Não há informações publicamente disponíveis sobre a origem dos contentores que foram carregados no ‘Lady R’”, disse o funcionário.
A agência citou comentários feitos pela ministra da Defesa sul-africana, Thandi Modise, no mês passado, sobre a visita de “Lady R”.
Ela se recusou a revelar que carga o navio estava a transportar, dizendo apenas que “qualquer conteúdo que este navio estava a receber foi encomendado muito antes da Covid-19”, que surgiu no final de 2019.
Washington “ameaça a África, não apenas a África do Sul, de ter qualquer coisa que cheire a Rússia”, disse Modise, conforme citada pelo WSJ.
O artigo observou que, de acordo com a lei dos EUA, Washington pode impor sanções a qualquer entidade que forneça serviços a um navio da lista de sanções.
O director da empresa de consultoria African Defense Review, Darren Olivier, disse ao jornal que era plausível que “Lady R” estivesse a trazer um antigo pedido de munições russas para a África do Sul.
Moscovo e Pretória concordaram em enviar 4,5 milhões de cartuchos de munições russas no valor de cerca de USD 585 mil, em 2020.
Quanto ao que foi carregado no navio, Olivier apontou que “a indústria de defesa da África do Sul geralmente não produz armamentos e sistemas completos usados pelos militares russos”.
No entanto, ele disse que Moscovo pode estar interessado em itens de uso duplo, incluindo sistemas de orientação e óptica para drones aéreos.
Segundo o alto funcionário norteamericano, que falou ao WSJ, a embaixada dos EUA avisou Pretória, em Novembro, que uma embarcação sancionada estava prestes a chegar ao país, mas as autoridades sul-africanas não responderam.
Os eventos em torno de “Lady R” demonstram a “dificuldade” de implementar sanções contra a Rússia para os EUA e seus aliados, observou o artigo.