Trinta e três mil e 87 cidadãos visitaram este ano o Museu Nacional da Escravatura (MNE) informou aO PAÍS o seu director Vladimiro Fortuna.
POR: Augusto Nunes
Deste número, 29 mil e 213 são cidadãos nacionais, sendo que 3 mil e 874 são estrangeiros, maioritariamente turistas e investigadores portugueses, chineses e brasileiros. Em relação ao ano passado houve uma redução considerável de turistas, segundo o director da instituição. De entre os visitantes angolanos, a maioria são estudantes, cuja faixa etária varia dos 10 aos 20 anos, sendo os fins-de-semana os dias mais frequentados.
Integrada na Rede do Sistema Nacional de Museus, o MNE tinha sido encerrado em 2014 para obras de restauro e foi reaberta ao público em Setembro do mesmo ano, no âmbito das actividades do II Festival Nacional de Cultura (FENACULT 2014). Após as obras de restauro, o museu conta com uma nova exposição permanente no formato universal, procurando actualizar os frequentadores e os estudantes,’ sobre a história da escravatura e do tráfico de escravos, de acordo com pesquisas recentes. Antes da sua reabilitação, o museu recebia em média mil e 600 visitantes por mês, e actualmente subiu para 2 mil e 300 visitantes por mês.
Este museu, segundo o seu director, tornou-se uma referência obrigatória e é uma das mais visitadas instituições museológicas do país. As frequentes visitas a este museu devem-se à sua rica importância histórica de perpetuar a memória do tráfico negreiro e o trabalho forçado em Angola, bem como dos artefactos que possui. Em entrevista aO PAÍS, Vladimiro Fortuna explicou ainda que a caracterização e divulgação do seu acervo, pesquisa e investigação histórica, para a produção temática da História de Angola, é um princípio que tem atraído para o local grupos de estudantes de diferentes instituições de ensino.
Reforçou que, apesar de albergar apenas uma exposição permanente, agora renovada e num formato universal, o público dá-lhe enorme valor e reconhecimento, por conservar os testemunhos da história dos seus antepassados. Acrescentou que os trabalhos produzidos sobre a problemática do tráfico de escravos e da escravatura, permitem hoje a reconstituição das rotas e toda a trajectória dos milhares de homens e mulheres retirados dos espaços que conformam a Angola actual.
Acervo
No que concerne o acervo do museu, a fonte informou que é um produto da recolha documental e iconográfica em torno destas matérias, constituindo- se excelentes amostras de peças referentes ao tráfico e à escravatura algumas das quais retiradas do fundo do mar localizado por detrás do edifício.
O Museu
O museu criado a 7 de Dezembro de 1977, tem como peça mais antiga do seu acervo, uma grilheta do século XVII. A exposição actual é composta por gravuras e retratos ilustrando as cerimónias de baptismo dos escravos antes da sua partida para os continentes europeu e americano.