Os antigos combatentes e veteranos da pátria na província da Huíla clamam por mais atenção do Governo na resolução dos vários problemas que ainda vivem as suas famílias
A necessidade foi revelada recentemente pelo presidente do Fórum Independente dos Desmobilizados de Guerra de Angola (FIDEGA), coronel Nunes Manuel, que disse que a preocupação dos seus associados prende-se com a falta de discussão e aprovação de um estatuto especial do antigo com- batente, cujo diploma se encontra “encravado” na Assembleia Nacional, há muito tempo.
Falando numa entrevista à margem das celebrações do Dia dos Mártires da Repreensão Colonial, assinalado a 04 do mês em curso, o responsável associativo, Nunes Manuel, disse que o antigo com- batente tem visto os direitos adia- dos, fazendo referência à falta de apoio do Executivo para esta franja da sociedade. “Queremos fazer um apelo aos governantes que não poupem esforços de estarem sempre ao lado do povo, ao lado do seu sofrimento. O antigo combatente espera que os direitos que lhes assiste seja efectivado.
Existe um projecto de lei para a criação de um Estatuto Especial do Antigo Combatente, que traz inúmeros benefícios, só que não chega até agora. Tinham nos dito que seria aprovado em 2019, pela casa das leis, mas infeliz- mente ainda não se fez”, disse. Ainda assim, o nosso interlocutor destaca algumas acções do Executivo que no seu entender estão a minimizar as dificuldades dos antigos combatentes e veteranos da pátria, como a prioridade no acesso à formação de nível secundário e superior dos seus filhos.
Por outro lado, Nunes Manuel afirmou que ainda há muito por fazer para dignificar todos aqueles que deram o melhor de si na defesa da integridade territorial, conquista da independência nacional e da paz. Declarações da associação desagradam directora provincial A directora Provincial do Gabinete dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria na Huíla, Verónica Rito, não gostou do facto de os jornalistas terem conversado com aquele líder associativista e tentou proibir os jornalistas presentes nas celebrações de publicarem o conteúdo da entrevista prestada à imprensa.
Tomando conhecimento do coteúdo da entrevista prestada à imprensa pelo responsável do Fórum Independente dos Desmobilizados de Guerra em Angola (FIDE- GA), Nunes Manuel, a directora dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Verónica Rito, orientou aos jornalistas para que o mesmo não fosse difundido.
Ao telefone com o jornal OPAÍS, Verónica Rito disse que procedeu desta maneira por ter recebido supostas “ordens superiores” a partir da cidade do Lubango, capital da província da Huíla. “Por isso é que, as vezes, nós não fugimos a comunicação porque temos mesmo que falar, mas vocês erram porque aproveitam momentos impróprios para pedirem determinadas informações.
Depois temos de ir para o contraditório. Há coisas que é preciso que se fale, mas também temos de saber o momento certo para fazer certas perguntas, mas como nós temos alguém que cuida da nossa informação, por isso eu pedi que esta pessoa devesse saber que tipo de entrevistas fizeram”, revelou Questionada sobre a origem de tal orientação, a directora respondeu apenas que não poderia dizer, tendo dito que ligaria para o agente que cuida da comunicação do seu gabinete para que este entrasse em contacto com a nossa equipa de reportagem, o que não aconteceu, até ao fecho da presente edição.
SJA condena atitude da directora
O Secretariado do Sindicato dos Jornalistas Angolanos na Huíla condenou a atitude da Direcção do Gabinete Provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, por tentar proibir os jornalistas de publicarem o conteúdo de uma entrevista prestada por um antigo combatente. Amílcar Silvério, secretário Provincial do Sindicato dos Jornalistas Angolanos na Huíla, disse que tal atitude configura interferência no exercício da actividade jornalística, tendo alertado aos profissionais da comunicação social na província sobre o exercício de sua tarefa sem qualquer pressão, cumprindo apenas o estipulado na lei.