Após conseguir o inédito segundo lugar na corrida pedestre de fim-de-ano “São Silvestre 2022”, no passado Sábado, com o tempo de 31 minutos e 18 segundos, António Teko, revelou, ao jornal O PAÍS, o segredo de ficar no pódio. O atleta do grupo Bicho do Mato, natural da província do Uíge, de 23 anos, quer mais apoios para conquistar o título este ano, bem como estar ao nível de atletas estrangeiros
Qual foi o segredo para conseguir o segundo lugar na São Silvestre 2022?
O segredo para chegar ao segundo lugar da corrida pedestre de fim-de-ano “São Silvestre 2022” foi o trabalho árduo realizado durante o período de preparação. Trabalhei com muita dedicação e paciência para concretizar o inédito feito.
O segredo esteve ligado na inteligência, porque o atletismo requer, também, matemática. Antes da corrida é imperioso fazermos um plano, de modo a ultrapassar os obstáculos a encontrar durante o percurso de 10 quilómetros.
Fiz o cálculo antes da partida como poderia correr, bem como poderia superar os meus adversários.
Ou seja, durante um mês cumpri um estágio competitivo na província do Uíge, que resultou na minha presença no pódio da maior manifestação desportiva do país.
Depois de passar a subida do Prenda. Qual foi o sentimento?
Quando passei a subida do bairro Prenda, em Luanda, o sentimento foi diferente, porque comecei creditar mais em mim. Na verdade, estive bem na subida do Prenda devido à boa preparação.
Nas provas anteriores de 10 quilómetros fiz mais tempo, em relação à última edição da São Silvestre, prova que saiu às ruas de Luanda, no último Sábado de 2022, onde consegui o tempo de 31 minutos e 18 segundos. A minha ambição é em cada prova que participar bater um novo recorde.
Qual foi a maior dificuldade que encontrou ao longo do percurso?
Ao longo do percurso, a maior dificuldade encontrei mesmo na subida do Prenda, como já tinha dito, porque libertei muita força.
O que causa uma pequena fatiga nos pés, mas como ainda faltava muito para chegar e cortar a meta no Estádio Municipal dos Coqueiros, ainda assim, me esforcei bastante para fugir os concorrentes.
Foi aí que o queniano, Raphael Oleki, vencedor da prova com o tempo de 31 minutos, me alcançou.
Depois de ser alcançado pelo queniano, o que aconteceu?
Consegui manter o mesmo ritmo que o adversário. Já na Baía de Luanda, uma área muito complicada, onde muitos corredores são “devorados” consegui aproximar do queniano me dava uma distância de mil ou 1500 metros.
Para minha felicidade, reduzi até ao fim da corrida para 100 metros de distância. Foi algo espectacular .
Como foi a preparação para a corrida?
A direcção do Bicho do Mato investiu muito na minha preparação, porque desde muito cedo peceberam e recolheram as minhas qualidade como fundista.
A preparação começou com aquisição de material desportivo, apoio em várias provas durante o ano de 2022, bem como o estágio que realizei nas terras do Bago Vermelho, onde as coisas correram sem sobressaltos.
Apesar do esforço do grupo Bicho do Mato, a direcção carece de apoio.
O que significa Bicho do Mato para si?
Bicho do Mato para mim é uma bênção, porque surgiu para mim do nada, acho que Deus foi quem preparou o grupo para mim.
Bicho do Mato é uma equipa fantástica, porque só quem está dentro deste grupo entende a dimensão. A organização não é um grupo de rua, como muitos dizem, há uma boa direcção a prestar sempre o devido apoio aos atletas.
Tenho um grande amor pelo Bicho do Mato.
Quanto tempo tiveste de preparação?
A 66ª edição da corrida pedestre de fim-de-ano “São Silvestre” preparei, em apenas, um mês, na província do Uíge, como já disse. O ano de 2022 foi de muitas actividades desportivas.
Encarei todas provas como treino, porque o meu foco era mesmo na São Silvestre.
Como surgiu a paixão pelo atletismo?
A minha paixão pelo atletismo começou nos jogos escolares na província do Uíge.
Pratico a modalidade há dez anos, agora penso em participar em provas internacionais fora do nosso país. Ainda este ano, vou participar numa prova em Portugal.
Quem é a sua fonte de inspiração?
Deus me dá inspiração, porque tem colocado a sua mão todo-poderosa sobre mim. Tenho me inspirado nos próprios quenianos, no nosso país a minha fonte de inspiração é o João Ntyamba. Aliás, João Ntyamba ajudou-me durante o percurso da prova da São Silvestre 2022. Já participei em várias provas organizada pela da Federação Angolana de Atletismo (FAA), liderada por Bernardo João.
Quais são os desafios para o futuro?
Vou continuar a trabalhar para não decepcionar as pessoas que apostam em mim. O facto de ter conseguido o segundo lugar da São Silvestre não vou envaidecer, pelo contrário tenho de procurar redobrar os esforços.