No Domingo, depois de ter saído de casa, percorri algumas ruas para chegar ao Projecto Nova Vida. Era de manhã, passei por ruas asfaltadas e por ruas não asfaltadas.
POR: José Kaliengue
Ao longo do trajecto fui reparando em muita gente “vestida para a igreja”. Cruzei-me com famílias inteiras com candura no olhar. Todos bonitos, os filhos limpos e com roupas engomadas, os pais vestidos de fatos e as mães, ora com panos, ora com vestidos e saias na altura certa, além dos “casaquinhos da moral”.
Passei por autocarros que ou embarcavam, ou desembarcavam dezenas de pessoas. Julguei que talvez fosse a proximidade do Natal a despertar o fervor religioso, mas poderia ser também a busca de respostas para os problemas da vida, um apelo cidadão a Deus para corrigir o que está mal no nosso país, que não é pouco, diga- se. Reparei nas inscrições no frontispício de cada templo, há com cada nome de igreja agora!!! Deixa estar só.
Dei com templos imponentes e também com alguns humildes, muito humildes. Todos eles são casas de Deus, alguns têm, claramente, como se sabe, usurpadores lá dentro. E então comentei cá para os meus botões: com tanta gente de bem, que vai à igreja, com tanta oração, tanta fé, tanto perdão e tantos votos, será que depois, na Segunda-feira, aquelas moças iriam tornar- se “gatunas” e pedir telemóveis, saldos e propinas aos “namorados”?
Aqueles funcionários iriam roubar o patrão e pedir gasosa para cuidar de um doente? Os funcionários bancários iriam mexer nas contas dos clientes? Os administradores públicos iriam roubar o dinheiro do Estado? Mas nós, afinal, somos como?