O Presidente da República e a Primeira-dama foram actores por um dia, numa peça de teatro que serviu para animar a primeira festa de Natal do casal presidencial, depois das eleições gerais de 23 de Agosto
Por: Rila Berta
Cerca de 700 crianças, provenientes de 22 centros de acolhimento e instituições religiosas de diferentes municípios de Luanda, participaram, no município de Cacuaco, ontem, Sábado, na primeira Festa de Natal organizada pelo Presidente da República João Lourenço e pela sua esposa, Primeira-dama Ana Dias Lourenço, no município de Cacuaco.
Sob o lema “A roda do amor, um Natal para a vida”, a actividade decorreu na Escola Nacional de Formação Técnica dos Serviços Sociais e contou com o apoio de professores, assistentes sociais e vigilantes para a organização das crianças.
As actividades decorreram em quatro espaços, nomeadamente, “o cantinho do saber”, a “oficina das artes”, “o desporto” e o espaço “falar bonito”. Na primeira parte do evento, Ana Dias Lourenço brincou com as crianças em cada um dos espaços.
Declamou poesia de Alda Lara, no cantinho “falar bonito”. Pousou para fotografias, desenhou e pintou com as crianças na oficina das artes, até deu alguns toques com a bola de basquete na secção do desporto.
O ponto mais alto da actividade foi quando as crianças, trajadas com t-shirts de várias cores, nomeadamente vermelho, amarelo, verde, azul e branco, reuniram-se em grupos e criaram a “roda do amor”, tema da festa. Nesta altura, houve apresentação de uma peça de teatro, em que a Primeira-dama participou como actriz, com o nome de “amiga especial”.
No final da peça, que falava da importância de saber viver, o Presidente da República surpreendeu as crianças, surgindo de “fininho” a 2 meio da apresentação e transmitiu a mensagem de que mais importante do que receber é dar, é ajudar o mais fraco e confortar o amigo doente ou o que está a sofrer. Na ocasião, as crianças mostraram-se surpreendidas, contudo, felizes pela surpresa, uns por assistirem e outros por participarem na peça.
A irmã Teresa Violeta, responsável da catequese da Igreja do Carmo, disse a OPAÍS estar satisfeita com a organização da actividade. Participou pela primeira vez numa actividade do género e gostou, sobretudo da interacção do casal presidencial com as crianças e da iniciativa de optarem por realizar actividades didácticas.
A Igreja do Carmo esteve representada com 17 crianças, com idades compreendidas entre os 8 e os 13 anos. O Lar Bakita também esteve representado com 17 crianças que vivem no referido lar de acolhimento. Um deles é o pequeno Jorge, de 5 anos, que disse a OPAÍS estar feliz com a festa. Após a apresentação da peça, as crianças almoçaram com o casal presidencial no pátio da instituição, que foi adaptado para se poder montar um serviço de buffet.
Como mandam as regras, o casal presidencial foi o primeiro a servir-se. Optaram por comer iguarias típicas e não dispensaram o funge. Seguiram-se os convidados, as crianças, os professores e o pessoal que ali trabalhava, num almoço informal em que a família do Presidente da República, os filhos e os netos ficaram na fila, serviram-se e comeram com todos os convidados.
Após a refeição, houve apresentação de música ao vivo cantada por crianças que estavam na festa e uma participação especial da menina Laurinda Vitungãyala, superdotada, que veio do Huambo na companhia do pai para participar no encontro. Laurinda apresentou de cor e salteado as biografias do Presidente da República e da Primeira-dama. Seguiu-se a entrega de presentes às crianças participantes.
Primeira-dama reitera compromisso do Estado em prol do bemestar da criança
Na abertura da festa de Natal do Casal Presidencial com as crianças, a Primeira-dama da República reconheceu ser nesta altura do ano que as famílias procuram reunir todos os seus membros de modo a reforçar os laços de amizade, de fraternidade e de respeito. Todavia, explicou às crianças que família não é somente unida por laços de sangue, mas, também “todos os que dão amor, querem o bem, ensinam e preparam o futuro”.
“É necessário que se ensine, desde cedo, às crianças, o primado da razão, o sentido de responsabilidade, a disciplina, o espírito de grupo e entreajuda, o amor ao próximo, o respeito pelos mais velhos e outros valores equivalentes, para que elas aprendam que por cada direito existe um dever, que há mais alegria em dar do que em receber”, afirmou.
Ana Dias Lourenço afirmou que a criança constitui uma prioridade na Constituição angolana e em outras leis do país, como a de Protecção e Desenvolvimento Integral da Criança. Recordou que o Estado angolano assumiu com as agências das Nações Unidas e seus parceiros 11 compromissos relativos ao bemestar da criança.
“A criança deve pois continuar a ser contemplada com a prioridade do Executivo e a coordenação e concertação das acções a seu favor devem ser garantidas por meio de plataformas multi-sectoriais que congregam em torno da resolução dos seus problemas os mais diversos actores, a sociedade civil e os parceiros internacionais de desenvolvimento”, disse.
Afirmou que o Executivo deve reforçar e melhorar a oferta de bens e serviços essenciais em prol do bem-estar da criança angolana, dando particular atenção à educação.
Crianças internadas no hospital de Cacuaco recebem brinquedos No início do encontro, a Primeiradama chamou a atenção das crianças para a importância de estarem consciencializadas de que “há mais alegria em dar do que em receber”. E foi neste espírito que algumas crianças ajudaram a forrar presentes, que posteriormente foram oferecidos às crianças internadas no Hospital Municipal do Cacuaco.
A Primeira-dama, Ana Dias Lourenço, ofereceu uma ambulância, medicamentos e brinquedos às crianças internadas, interagiu com a equipa de trabalho e mostrou-se disponível para apoiar a instituição. Em declarações à imprensa, no final da visita, João Bernardo, director do hospital, disse que os bens oferecidos vão permitir melhorar a prestação de serviços naquela unidade hospitalar.
O responsável disse estarem internados na pediatria 97 doentes, mais 16 na maternidade, 21 doentes na medicina interna e oito na cirurgia ortopedia, superando, deste modo, a capacidade do hospital que é de 70 camas, sendo que foram acrescidas camas e actualmente contam com 127. No hospital, diariamente, são atendidos 950 doentes, quer nas consultas externas quer nas urgências, onde são atendidas mais de 400 pessoas por dia, quando a capacidade do hospital é de atender cerca de 90 doentes.
Na ocasião, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, reconheceu que a superlotação não é problema que abranja somente o hospital do Cacuaco, outras unidades encontram-se na mesma situação. Justificou tratar-se de uma altura em que se registam muitos casos de malária com complicações. Garantiu haver medidas que estão a ser tomadas, sobretudo no que se refere à educação para a saúde, de modo a que as pessoas estejam mentalizadas a lutar contra vectores nocivos. “Mas não é só responsabilidade da população, nós também temos de melhorar o saneamento básico”, disse.