Para mim, de tudo o que se disse no seminário organizado pelo Grupo Parlamentar do MPLA sobre o combate à corrupção, não foi a moratória para o recambiamento dos dinheiros depositados ou guardados no exterior o mais importante. Porquê? Porque quem roubou o dinheiro agora “volta” como investidor, segundo a proposta do vice-presidente do partido.
POR: José Kaliengue
Alguns não o conseguirão fazer voltar, outros nem a família de casa sabe que são milionários. De qualquer forma, a diplomacia, os tribunais, os serviços de investigação e os serviços secretos terão de trabalhar muitos num jogo do gato e do rato que certamente já está a ser jogado. Para mim, esta não foi a parte do discurso a mais interessante, talvez por já a ter ouvido noutra ocasião.
Mas foi curiosa a resposta da UNITA no dia seguinte, sabendo-se que ela própria também tem contas lá fora. O que foi mais importante, para mim, residiu em dois aspectos, um foi a promessa de se dotar as unidades de investigação de melhores meios e de remunerar melhor os seus agentes.
Outro foi a assumpção, por parte da direcção do MPLA, “colectivamente”, de ter, por inacção, permitido que a “epidemia” corrupção crescesse até ao que temos hoje. Porque se o MPLA não assumir esta verdade, se não lutar para a extirpar do sei seio, sendo ele Governo e estando entranhado em tudo neste país, tudo o resto serão apenas palavras. A corrupção, cada angolano deve assumir, não está nos outros, está em nós. E cada um deve assumir se é esta a imagem que gosta de ter de si mesmo. Este é o desafio para o MPLA.