Durante algum tempo Trump hesitou “encostar-se” a Roy Moore. Na verdade, apoiou um outro candidato durante as primárias. Apenas declarou o seu apoio quando uma semana antes da votação a campanha de Moore mostrava sérios problemas de credibilidade.
POR: Michael Brown, em Nova Iorque
Doug Jones tornou-se assim no primeiro democrata daquele Estado a ser eleito para o senado em mais de 23 anos. A sua eleição reduz para um o número de assentos a mais que os republicanos têm no Senado, em comparação com os democratas. Este novo cenário poderá pesar na votação da reforma fiscal, se a mesma não acontecer antes do empossamento de Doug Jones.
Por esta razão, a liderança do Partido Republicano está a tentar um consenso entre os seus senadores e deputados, a fim de que a votação tenha lugar antes do início da interrupção de Natal, pois depois disso, Doug Jones será empossado. Mesmo tendo um assento a mais que os democratas, os republicanos receiam que os resultados da eleição no Alabama se transformem numa corrente contra o seu partido.
À semelhança do que se passava com os democratas em 2010, os republicanos fazem-se às eleições intercalares de 2018 controlando a Casa Branca, o senado e a Câmara dos Representantes. A eventualidade de, tal como os democratas, também perderem o controlo das duas câmaras do Congresso começa a ser uma preocupação. O primeiro sinal de algum desconforto em relação a Donald Trump e ao partido aconteceu há cerca de um mês no Estado da Virginia, no qual a maioria que o Partido Republicano gozava na Assembelia estadual passou de 65 para 1 assento.
A Virginia, conhecida durante muitos anos como uma bolsa do Partido Republicano, tem a particularidade de ser um dos Estados do Sul que mais se vêm convertendo em território dos democratas. Este ano, pela terceira vez consecutiva elegeu um democrata para governador. Tal como Barack Obama em 2008, em 2016 Hillary Clinton também foi o candidato mais votado nas presidenciais e os dois senadores que representam o Estado no senado, são ambos democratas. Apesar destas nuances e dos problemas que Roy Moore enfrentou durante a campanha, aos olhos de muita gente, era improvável que um democrata fosse capaz de conquistar um dos principais redutos republicanos.
Os resultados sugerem que a derrota de Roy Moore, foi um referendo ao actual Presidente dos Estados Undos, cuja popularidade está em baixo. Durante algum tempo Trump hesitou “encostar-se” a Roy Moore. Na verdade, apoiou um outro candidato durante as primárias. Apenas declarou o seu apoio quando uma semana antes da votação a campanha de Moore mostrava sérios problemas de credibilidade. A aproximação de Trump a Moore – os dois nunca apareceram juntos durante a campanha – aconteceu no apogeu de uma série de acusações sobre assédio sexual contra adultas e menores as quais desgastaram aquele antigo juiz.
Estas acusações, assim como a corrente contra actos de assédio sexual, as quais já custaram a carreira de muitos homens influentes, incluídos três membros do Congresso, fizeram ressuscitar as polémicas de natureza sexual que marcaram a campanha de Donald Trump. As alegações feitas contra Roy Moore acabaram por ser uma contrariedade que ele não foi capaz de contornar.
A determinado ponto, figuras nobres do Partido Republicano, entre os quais alguns senadores, pediram que renunciasse à corrida, o que ele se recusou a fazer. Não tendo sido eleito, ele não é um produto tóxico, mas os resultados da eleição deixaram os republicanos com menos um assento, menos um voto.