O aterro será construído nos arredores do município do Ambriz e vai gerar cerca de 200 postos de trabalho. Numa outra fase, os gestores do projecto prevêm transformar o lixo em biocombustíveis, olhando para as necessidades das cimenteiras do país.
POR: Milton Manaça
A província do Bengo poderá contar a partir do próximo ano com um aterro sanitário que vai transformar o lixo em fertilizantes para os campos agrícolas através de tecnologia que permite separar e transformar os resíduos. A ser construído nos arredores do município do Ambriz, com início da montagem da maquinaria previsto para o primeiro trimestre de 2018, no aterro far-se- á a separação do lixo húmido do seco, sendo o primeiro transformado em fertilizantes.
Falando em exclusivo a OPAÍS, o director da Porcarelli, Gianni Fontana, empresa italiana indigitada para construção do referido projecto, disse que a sua firma vai reaproveitar todas as matérias misturadas no lixo para os mais diversos fins, particularmente na agricultura. Gianni Fontana disse que a recolha selectiva, compreende o aproveitamento de madeira, plásticos, ferros, metais, papéis e lixo perigoso.
O projecto foi aprovado no Orçamento Geral de Estado de 2017 e está dependente da assinatura do contrato com o Ministério do Ambiente para se iniciar a montagem dos equipamentos, revelou Gianni Fontana. Segundo explicou, o projecto já tem o financiamento de bancos italianos orçado em cerca de 25 milhões de Euros, estando-se apenas a aguardar a assinatura do contrato para que os valores sejam disponibilizados, o que poderá acontecer ainda este ano.
O responsável diz não ter dúvidas de que a construção deste aterro vai trazer benefícios e descongestionar alguns municípios de Luanda, tendo em conta a proximidade desta com a província do Bengo. “Eu tenho certeza que este aterro vai ajudar também a província de Luanda, porque os municípios próximos como Cacuaco não terão necessidades de levar o lixo em Luanda”, disse. Quando estiver a funcionar, o aterro vai absorver e transformar o lixo urbano, industrial, perigosos e outros.
Biocombustível para cimenteiras
Numa outra fase, o aterro sanitário do Bengo transformará o lixo em biocombustíveis para abastecer as empresas cimenteiras do país, segundo o responsável da empresa. Quando entrar em acção, o local de depósito de lixo vai gerar cerca de 200 postos de trabalho. Entretanto, Gianni Fontana acredita que uma empreita desta dimensão envolve, para além da força humana, equipamentos sofisticados e garante que a sua empresa, que actua no mercado italiano há mais de 40 anos, tem condições para o efeito.
“O importante é ter um serviço de recolha sério que possibilite ver o resultado diariamente. Equipamento e maquinaria é fundamental, porque não se pode enfrentar a guerra do lixo se não estiveres suficiente preparado”, realça. Importa realçar que recentemente, o secretário de Estado do Ambiente, Joaquim Manuel, anunciou que o seu pelouro tem a intenção de construir um aterro sanitário em todas as capitais de província do país.