Mais de vinte mulheres gestantes com pré-eclampsia são atendidas, diariamente, na Maternidade Lucrécia Paím. Segundo a directora daquela unidade hospitalar, a pré-eclampsia (hipertensão em grávidas) continua a ser a segunda maior causa de morte em mulheres gestantes, em todo país, seguida da hemorragia pós-parto
Perdendo apenas para a hemorragia pós-parto, a pré- eclampsia (hipertensão que acomete as grávidas), continua a ser a segunda maior causa de morte em gestantes registada na maternidade Lucrécia Paim. No último fim-de-semana, em dois dias de trabalho, a Maternidade Lucrécia Paim realizou as VII Jornadas Científicas, sob o lema “O Compromisso e Competência no Cuidado à Saúde da Mulher, do Neonato e da Família”, onde, dentre outros assuntos, esteve em debate a questão da hipertensão como causa de morte em mulheres grávidas.
De acordo com a directora geral da maternidade em questão, Lídia Alves, a hipertensão arterial, durante a gravidez, acarreta consequências nefastas para a mãe e o feto, pelo que defende ser crucial que se faça, com maior antecedência, o diagnóstico. As estatísticas neste campo são bastante elevadas, e há a necessidade de se continuar a tomar medidas, no sentido de melhorar a assistência pré-natal e o atendimento nas unidades hospitalares. “Mais de 20 mulheres gestantes com pré-eclampsia são atendidas diariamente na Maternidade Lucrécia Paim”, disse, tendo acrescentado que alguns dos casos foram a óbito, embora não tenha precisado o número.
A pré-eclampsia é caracterizda por tensão arterial elevada (hipertensão), acompanhada pela eliminação de proteínas pela urina, proteinúria ou retenção de líquidos, edemas. Este problema, em muitos casos, segundo a especialista, leva a paciente ao estado de coma, e quando o doente chega a este estado, a situação é muito complicada. Normalmente, acontece nas 20 se- manas de gravidez e, no final da primeira semana, depois do parto. Infelizmente, é uma doença frequente no nosso meio e que tem levado à morte muitas mulheres.
Factores de risco
Para a responsável do Lucrécia Paím, que falava na última Sexta- feira, 26 de Maio, durante as Jornadas Científicas, muitas mulheres apresentam factores de riscos para desenvolver a doença, como as nulíparas (mulheres que nunca tiveram filhos); bem como as multíparas (que nasce vários filhos num parto); as hipertensas mesmo sem estarem grávidas; as que engravidam no extremo da idade, antes dos 19 e depois dos 38 anos; as doentes diabéticas e as pacientes com doenças renais crónicas. Para prevenir que o pior aconteça aconselha-se as mulheres a se dirigirem mais cedo às consultas, pois é necessário que o tratamento seja precoce, antes das 16 semanas. Deste modo, as pacientes com diagnóstico de risco, as consultas devem ser feitas regularmente, ter alimentação saudável com restrição de sódio, tomar a medicação recomendada e cumprir com as orientações.
A maternidade Lucrécia Paim, neste momento, regista de 100 a 120 partos por dia. “A mulher tem que engravidar, o mais importante é que tenha consciência do seu estado e possam aderir o mais cedo possível às consultas pré-natais”, advertiu. Admitindo que só deste modo é que os médicos poderão detectar, mais cedo, se existe ou não factores de risco que possam complicar o período de gravidez e o momento do parto. “Durante as consultas, é possível saber, através dos exames complementares, se a paciente vai ter um parto por via baixa, ou por via alta (cesariana)”, disse.
Atraso nas transferências aumenta o número de hemorragias pós-parto
A hemorragia pós-parto lidera a lista das principais causas de morte materna, em todo o mundo. A sua prevalência global é de cerca de 6,2 por cento em África e na Ásia, onde a maioria das mortes maternas ocorridas as hemorragias pós-parto, apresenta- se com 30 por cento diante das outras, segundo a médica interna da Maternidade Lucrécia Paim, Orlanda Conceição Vila. A responsável fez saber que a tonia uterina é uma das principais causas de hemorragias pós-parto, responsável pelo excessivo número de abortos e mortalidade materna.
O seu diagnóstico e tratamento, se realizado de forma precoce e adequada, assim como as boas condições da unidade hospitalar e a competência dos profissionais de saúde na condução do caso, podem resultar na diminuição de complicações e óbitos. Para a especialista, as pacientes transferidas de outras unidades hospitalares, foram as que mais passaram pelo processo de tonia uterina, com uma representação de 76 por cento.
Considera que a situação decorre da chegada tardia àquela unidade hospitalar e, muitas vezes, as transferências têm sido feitas com mui- tas debilidades ou falhas nalguns procedimentos importantes.A distribuição dos pacientes com tonia uterina, maioritariamente, apresenta com factor de risco o trabalho de parto prolongado (com 41 por cento dos casos). A faixa etária varia entre os 20 e os 35 anos de idade.