Os mil e 47 animais que estão expostos na instituição são do período colonial, sendo que muitos deles encontram-se em estado de necessidade de restauração
O acervo exposto do Museu de História Natural, localizado na baixa de Luanda, não é actualizado há mais de 40 anos. Os mil e 47 organismos de animais inventariados que lá estão expostos são do período colonial, sendo que muitos deles encontram-se em estado de necessidade de restauro.
Porém, muitos destes organismos foram retirados da sala de exposições por terem atingido um estado de degradação irrecuperável devido ao tempo que foram criados. Entretanto, depois do alcance da independência, as autoridades angolanas não voltaram a actualizar as peças do referido museu, situação que deixa a unidade museológica desactualizada e com falta de alguns animais, como são os casos do leão, dinossauro e outros bichos da selva nacional.
No entanto, apesar de o museu ser um dos mais concorridos em termos de visitas, ao nível do país, com uma média de ingresso de 300 pessoas por dia, em períodos escolares por via das crianças que chegam lá em grupos, a falta de actualização contribui para o absentismo de outros usuários que gostariam de encontrar novidades no acervo histórico da instituição que se vê, assim, parada no tempo.
Dinheiro entre os grandes empecilhos
As autoridades angolanas apontam, entre outras causas da falta de actualização do acervo exposto desta importante unidade hitórica, a falta de recursos financeiros. Ana Lavres é a chefe de investigação científica da referida unida- de museológica. Em declarações ao jornal OPAIS, reconheceu que a instituição não vê o seu acervo ex- posto actualizado desde o alcance da Independência, precisamente há 47 anos, apontando a escassez de recursos financeiros como estando entre as causas. A funcionária sénior do museu, que lá trabalha há mais de 20 anos, admitiu a necessidade de se actualizar o acervo para atrair mais visitantes e alargar a base de receitas, mas diz que a instituição vê-se de mãos atadas por não ter capacidade financeira para o efeito.
“Todo acervo que temos aqui vem do tempo colonial.
Nada foi posto depois do alcance da Independência. Mas, ainda assim, temos muita gente que nos visita, porque sabemos receber os nossos visitantes”, apontou.
Falta de equipamentos
Por outro lado, a fonte disse ainda que, também, a falta de equipamentos especializados e os actuais limites impostos à caça de animais em Angola contribuem para a falta de actualização do acervo do referido museu. “Anteriormente tínhamos uma parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal. Eles quando encontravam algum animal traziam para nós. Mas a lei agora proíbe de caçar animais para esse fim”, explicou.
Ausência de equipamentos
por outro lado, a fonte disse ainda que, também, a falta de equipamentos especializados e os actuais limites impostos à caça de animais em Angola contribuem para a falta de actualização do acervo do referido museu. “Anteriormente, tínhamos uma parceria com o instituto de Desenvolvimento Florestal. Eles quando encontravam algum animal traziam para nós. Mas a lei agora proíbe caçar animais para esse fim”, explicou.
Falta de técnicos especializados
De dificuldades em dificuldades o histórico museu vai galgando, ajustando-se ao tempo para não fechar as portas, como disse Ana Lavres, que apontou ainda outras necessidades que dificultam a normal actividade museológica. Conforme referiu, o museu debate- se, actualmente, com problema de falta de técnicos especializados, sobretudo para o processo de restauro e taxidermia, duas áreas fundamentais para o exercício da actividade museológica. “Temos défice de especialistas na área de taxidermia e restauro para aqueles organismos expostos e que encontram-se em estado de degradação”, notou.
Fuga de quadros
De acordo ainda com Ana Lavres, a fuga de quadros tem sido dos principais factores que vem contribuindo para a falta de recursos humanos no Museu de História Natural. Conforme referiu, até 2013, a instituição tinha um total de 75 quadros. Já actualmente, frisou, o museu conta apenas com 24 funcionários, sendo que, deste grupo, apenas cinco são técnicos especializados. Já os restantes são funcionários de base que não dominam o sector museológico.
Ana Lavres disse que grande parte dos técnicos preferiram seguir outros rumos em busca de melhores condições de trabalho, sendo que muitos foram parar às Forças Armadas Angolanas, à Polícia Nacional e outros na sede do Ministério da Cultura por acharem que, nesses locais, verão as suas vidas mais facilitadas.
“A falta de pessoal é a nossa batata quente. Só para ver, cada departamento tem dois a três funcionários. Essa baixa deve-se a vários factores que estão ligados à busca de melhores condições”, lamentou.
Restrições limitam visitas
Por outro lado, Ana Lavres deu ainda a conhecer que, fruto das restrições impostas pela pandemia da Covid-19, o museu viu, há mais de dois anos, o período de funcionamento restringindo. Entretanto, ao contrário do anterior período de funcionamento, que era de Domingo a Terça-feira, hoje o museu abre as portas apenas de Segunda a Sexta-feira, o que limita o acesso de mais visitas, sobretudo aos finais de semanas, dias em que as famílias e amigos saem a passeio em grupos. “Estamos à espera de novas ordens, porque temos consciência que há muita gente que só tem tempo aos finais de se- mana”, frisou a técnica que esclareceu, igualmente, que o preço das visitas variam entre os 175 e os 265 kwanzas por pessoa.
Fissuras força obras de restauro
Por seu lado, o director do referido museu, Manzambi Vuvu, disse que as infra-estruturas da instituição carecem de obras de reparação devido ao seu estado de degradação. Conforme referiu, fundando em 1938, o museu debate- se com problemas de fissuras devido às obras de edifícios ao lado que acabaram por comprometer a unidade histórica. Entretanto, face à necessidade de restauro, Manzambi Vuvu anunciou estar em curso um estudo que vai definir o processo de restauro das infra-estruturas.
De referir que, em 1992, o museu foi encerrado por motivos de obras dado o estado de deterioração das suas infra-estruturas e manteve-se durante 10 anos. Na expectativa de cumprir, na íntegra, com o seu papel, o Ministério da Cultura envidou esforços na procura de possíveis apoios para recuperação do acervo danificado, das infra- estruturas físicas e criação do SIEXPO, no que se veio a concluir as referidas acções no ano de 2002, ano em que se reabriu as portas ao público visitante.