O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, saudou, ontem, a missão de paz liderada por seis dirigentes africanos que irá partir em breve para a Ucrânia e a Rússia, noticiou a Lusa .
O porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, confirmou que o português recebeu um telefonema do Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, no qual comunicou que a iniciativa é “bem-vinda”.
“Somos a favor de qualquer iniciativa que nos possa levar à paz, de acordo com a Carta (das Nações Unidas), de acordo com o direito internacional e de acordo com as resoluções da Assembleia Geral”, declarou Dujarric, numa conferência de imprensa.
Ramaphosa anunciou,Terça-feira, que uma missão de paz liderada por seis dirigentes africanos vai partir “o mais rapidamente possível” para a Ucrânia e a Rússia, para tentar “encontrar uma solução pacífica para o conflito devastador”.
O Presidente russo, Vladimir Putin, e o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky “concordaram em receber a missão e os chefes de Estado africanos em Moscovo e em Kiev”, disse Ramaphosa, numa conferência de imprensa na Cidade do Cabo.
Além da África do Sul, a missão inclui Senegal, Zâmbia, Congo, Uganda e Egipto, adiantou o chefe de Estado sul-africano.
Ramaphosa, que disse ter falado com os homólogos russo e ucraniano em “telefonemas separados” durante o fim-de-semana, disse esperar “trocas sustentadas com ambos os líderes” durante a missão.
Os países africanos têm sido menos unânimes do que as grandes potências ocidentais na denúncia da invasão russa da Ucrânia, em Fevereiro de 2022.
Países como o Senegal e a África do Sul abstiveram-se de votar numa resolução da Organização das Nações Unidas que a condenava.
Na Segunda-feira, o Presidente sul-africano manifestou a sua indignação, afirmando que Pretória estaria a ser alvo de uma “pressão extraordinária” para escolher um lado.
Próxima do Kremlin (Rússia) desde a época da luta contra o ‘apartheid’, a África do Sul sempre se recusou a condenar a invasão da Ucrânia, alegando manterse “neutra” e querer dar prioridade ao diálogo.
Esta posição tem irritado alguns membros da comunidade internacional, especialmente desde que Pretória acolheu exercícios navais com a Rússia e a China, em Fevereiro, pouco antes do primeiro aniversário da invasão russa, reacendendo as preocupações ocidentais.
O anúncio de uma missão africana surge também após as recentes tensões entre África do Sul e Estados Unidos sobre a questão russa.
A embaixada dos EUA na África do Sul afirmou na semana passada que um navio de carga russo tinha atracado perto da Cidade do Cabo em Dezembro e estava a regressar à Rússia com armas e munições.
O Governo sul-africano afirmou que não havia registo de vendas de armas aprovadas pelo Estado à Rússia durante o período em questão e o Presidente Ramaphosa anunciou uma investigação sobre o assunto.