Uma matéria publicada no último fim-de-semana pelo jornal OPAÍS dá conta que no espaço de um ano os motoxatistas estiveram envolvidos em cerca de 700 acidentes de viação mortais.
Se se tiver em conta o número de mortes, assim como as estatísticas produzidas, anualmente, pela Direcção Nacional de Viação e Trânsito, chegamos rapidamente à conclusão de que os motaxistas influenciam os números que apresentados. Claro que não se pode descurar, de modo algum, o papel que os acidentes provocados por automobilistas, mas ainda assim é elementar que se olhe com alguma responsabilidade para a participação dos homens que fazem das duas rodas o ganha-pão. Os números avançados, isto é, cerca de 700 mortes no período de um ano, surge numa fase em que se regista o processo de licenciamento dos motoxistas, assim como veículos ligeiros e até embarcações.
São meios usados com frequência por jovens que se dizem desempregados, mas também por entidades até mesmo credenciadas, tornando-se numa fonte viável de sustento de milhares de angolanos.
Depois do anúncio feito há alguns dias sobre o início do processo de licenciamento, anteontem, Segunda- feira, o secretário de Estado dos Transportes Rodoviário, Jorge Benguy, revelou a a extensão do prazo para mais alguns dias. É uma oportunidade que as associações da classe dos taxistas e de outras organizações ligadas ao ramo dos transportes deveriam aproveitar. Num período recente, por exemplo, houve mais espaços ao nível informativo e até mesmo intervenção das organizações ligadas aos taxistas e aos mototaxistas, sendo que numa delas assistiu-se até a algumas escaramuças com feridos e detidos.
Agora que se vê um processo em curso, que em certa medida vem atender as reclamações que muitos taxistas, entre filiados e não só, faziam, não se vê nesta fase uma forte presença dos seus responsáveis a nível dos órgãos de comunicação social e nas redes sociais no sentido de mobilizarem o maior número de filiados. Não é preciso até binóculos para se perceber que a maioria dos condutores de motorizadas fazem-no sem sequer estarem habilitados, assim como muitos automobilistas pela periferia também circulam sem que os próprios automóveis tenham registos e muito menos licenças para serviço de táxi.
A oportunidade que se é dada agora não deve, nem a brincar, ser menosprezada por quem faz dos serviço de taxi a sua principal actividade, razão pela qual as associações devem incentivar os seus associados. Se não se legalizarem, estarão esbatidos os argumentos quando forem autuados pelos efectivos da Polícia Nacional. Afinal, desperdiçar uma campanha, como a que está em curso, só terá um único perdedor: os próprios mototaxistas, os donos das motorizadas, assim como aqueles que fazem serviço de táxi em pequenas viaturas ou ainda possuem embarcações nos mares do país.