Centenas de munícipes na Catumbela saíram, no último Sábado, 13, às ruas para se manifestar contra a falta de água naquela municipalidade. O activista Liandro Tchiwale refere que os moradores retiram água de canais destinados à agricultura, na parte traseira do cemitério local
O activista Liandro Tchiwale, da organização Jovens Unidos pela Cidadania, confirmou à imprensa, Segunda-feira, 15, que os objectivos foram alcançados e, agora, esperam que, nos próximos 30 dias, as autoridades se pronunciem sobre o quadro enfrentado por centenas de moradores. A falta de água está a obrigar a que moradores recorram a cacimbas e, por isso, dizem estar fartos deste cenário que remonta há 15 anos. “É uma situação bastante difícil para nós, temos de retirar água de furos no cemitério”, lamenta.
A marcha partiu de bairros críticos como o da Santa Cruz e passou pela Estrada Nacional número 100. A manifestação surgiu dias de- pois de a Empresa Provincial de Águas e Saneamento de Benguela (EPAB) ter assumido um mau momento no domínio da produção e abastecimento, devido à falta de investimentos. Segundo o presidente do conselho de administração da EPAB, Paulo Jorge, há dez anos que não se fazem investimentos estruturantes no sector, daí manifestar-se incapaz para dar resposta à pressão demográfica.
O responsável admite que as obras em curso, no furo do Chiule e na Estação do Luhongo, na Catumbela, não vão resolver, por enquanto, o problema de água, sendo apenas para recuperar níveis perdidos, tendo salientado que a província ficou sem a terceira fase do Projecto de Águas de Benguela (PAB), avaliada em USD 300 milhões.
Segundo Paulo Jorge, neste momento estão a ser feitas algumas intervenções, que custaram 80 milhões de euros, valor inscrito nos 415 milhões, que suportam o Plano Emergencial. Porém, o activista Liandro Tchiwale pede urgência na resolução. “São 15 anos de sofrimento, por isso, vamos marchar, vamos exigir das autoridades os nossos direitos”, salienta. No Lobito, refira-se, alguns activistas têm, igualmente, promovido várias manifestações pelas mesmas razões.
Solução à vista na base de “benção” presidencial
Foi a pensar na resolução do problema que o Presidente da República, João Lourenço, aprovou, em decreto, USD 191,3 milhões destinados à melhoria do sistema integrado de abastecimento de água, ao que se juntam os USD 80 mi- lhões, inscritos nos 415 milhões de euros. Autorizou um ajuste directo a favor da empresa Wedo de 191,3 milhões de dólares norte-americanos para empreitada de obras públicas de reabilitação e operação assistida do sistema integra- do de abastecimento de água aos municípios de Benguela, Catumbela, Lobito e Baía-Farta.
João Lourenço justifica, no Despacho Presidencial, que os USD 191,3 milhões visam assegurar a correcta gestão comercial, manutenção e operação dos sistemas, e remete para a possibilidade de estar em curso uma parceria público-privada ou mesmo a privatização. Esses milhões destinam-se, fundamentalmente, a remendar um sector das águas que há muito andou esquecido, na óptica de alguns especialistas.
A empresa de Águas tem vindo a afirmar que a solução passa pela materialização da terceira fase do Projecto de Águas de Benguela. Delineada há, sensivelmente, 10 anos, o referido programa foi suspenso por falta de recursos financeiros.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela