O Banco Nacional de Angola (BNA) está a desenvolver uma solução que vai permitir o uso do Kwanza como “moeda única” a nível dos países da região da SADC
O governador do Banco Nacional (BNA), José de Lima Massano, disse que as equipas técnicas continuam a trabalhar para que o Kwanza possa ser moeda de pagamento ao nível da região. “Nos países membros, ao nível técnico, há um sentimento positivo e perspectiva-se que o Kwanza sirva para fazer pagamentos, igualmente, para outras economias fora da SADC”, referiu José de Lima Massano.
O responsável do Banco Central que falava à imprensa, à margem do 56ª Reunião do Comité dos Governadores dos Bancos Centrais (CCBG) da SADC, que decorreu de 10 a 12 do corrente mês na capital do país, sublinhou que continuam a trabalhar no sentido de facilitar as transacções com os instrumentos de que o mercado já dispõe, como o débito, tal como fez menção na última conversa que manteve com o seu homólogo da Namíbia.
José de Lima Massano aclarou que a solução que estão a desenvolver vai permitir não apenas que o Kwanza possa ser utilizado na região, mas em qualquer outra economia em que o sistema de pagamento internacional funcione. Entretanto, para o responsável, a taxa de crescimento é também um dos motivos a levar em conta e, neste momento, a maior parte dos países está com taxas de crescimento abaixo dos mínimos estabelecidos para a região.
Logo, é necessário que se adoptem critérios que permitam fazer um casamento duradouro e, para que tal facto aconteça, deve-se partir de bases equilibradas. Aliado a isso, o governador do Banco Central, sublinhou que o nível de dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o saldo da Conta Corrente da Balança de Pagamentos, são matérias que já não são da alçada dos bancos centrais. Entretanto, tudo indica que a circulação do Kwanza, por via do cartão de débito, começa com a vizinha República da Namíbia para depois seguir em outros países ao nível da região.
Com o país vizinho, em Fevereiro deste ano, o Banco Nacional de Angola (BNA) e o Banco Central da Namíbia rubricaram um Memorando de Reforço da Cooperação, que serviu para solidificar o entendimento entre as duas instituições em matérias relacionadas com o seu funcionamento, com inclusão de temas relacionados com o controlo de fluxos financeiros entre os dois países, no quadro da melhoria do ambiente de negócios. O documento foi assinado pelo governador do BNA e o seu homólogo namibiano, Johannes Gawaxab.
Sistema bancário seguro
O Comité dos Bancos Centrais (CCBG) da SADC, de acordo com o seu secretário, Lesstja Nganyango, decidiu criar padrões internacionais para tornar o sistema bancário seguro. Referiu sobre os acontecimentos nos EUA e na Europa, onde se assistiu a falência de alguns bancos, o também governador do Banco Central da África do Sul, admite que as condições de segurança são diferentes de um país para outro, mas, em geral, sublinhou que se observa resiliência no sistema financeiro da SADC. No evento participaram, igual- mente, representes da Bolsa de Valores da região e do Secretariado Executivo da SADC.
No encontro, foi analisada a estratégia da CCBG, no período de 2021 a 2023, bem como outro protocolo da SADC sobre financiamento e investimento que tem que ver com os Bancos Centrais. O Comité dos Governadores dos Bancos Centrais da SADC, criado em 1995, é uma estrutura especializada na promoção de uma estreita cooperação entre os Bancos Centrais da África Austral, considerando o seu papel fundamental na promoção do desenvolvimento económico e financeiro através da adopção de políticas que reforçam a estabilidade macroeconómica e financeira. Além de Angola, integram a SADC, o Botswana, Lesoto, Namíbia, África do Sul, Zimbábue, Moçambique, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Tanzânia, Zâmbia, Seychelles, República Democrática do Congo e Suazilândia.
POR: Francisca Parente