Falecido a semana passada em Portugal, onde encontram-se até ao momento, os restos mortais do escritor e nacionalista Henriques Lopes Guerra serão sepultados na próxima semana, em Luanda, segundo uma fonte ligada à família
Percursor da Literatura Angolana, Henrique Guerra é dono de um vasto leque constituí- do por obras apreciadas no país e no mundo, entre conto, poema e ensaios. O secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), David Kapelenguela, em conversa com este jornal referiu que o seu nome é de grande importância para a nossa literatura. Que o seu passamento físico empobrece ainda mais a produção no país e no mundo, sobretudo da lusofonia.
O responsável realça ainda que o facto de se tratar de um escritor de ‘pena fina’, nome gritante da Literatura Angolana, a sua mor- te arruína ainda mais o leque de fundadores da associação, já que fazia parte dos poucos da geração da cultura ainda vivo. “Para o espirito e a letra daquilo que constitui a fundação da UEA, os nomes que subscreveram a sua criação são importantes, porque foi por via destes nomes que se constitui a sua existência.
E para nós é uma grande perda, porque cada vez mais a associação vai ficando sem os seus membros fundadores”, lamentou. Pelo impacto e aceitação das suas obras, aconselha aos escritores, assim como a juventude que emergem no envolvimento da escrita e da crítica irem à busca da sua grande contribuição literária, para abertura de premissas do segmento dos seus grandes feitos no mundo da literatura. Consternado com o ocorrido, o escritor John Bela realçou que Henriques Guerra foi dos poucos mais velhos que passava o seu testemunho à nova geração, de novo autores.
Por isso considera que as suas obras devem ser gratificadas com um determinado apelo, por demonstrarem o passado da nossa história e um presente que perspectiva o futuro grandioso, almejado por si. John Bela disse que almejava “ uma Angola próspera, seguindo o rumo de outros países em prosperidade”. “Foi daqueles que fizeram a Literatura Angolana, que tiveram a literatura como arma de combate.
Apelo à juventude a lerem os seus livros, onde almejava que todos pudessem viver em paz, das próprias riquezas do país, o que está à procura de se concretizar agora, com novas mudanças que o país pretende”, observou. Dentro do mesmo espírito, Carmo Neto referiu que o escritor fez parte da geração João Melo, que se opôs à ideologia colonialista para a liberdade e afirmação da identidade cultural angolana. Membro e fundador da UEA, conforme disse, faz parte dos escritores que partilharam o sonho da independência no país, da faixa-etária destes membros que partilharam o sonho da liberdade, de sermos nós próprios.
“Era latente, era notório a descrição na poesia, do sonho de hoje, no ‘Havemos de Voltar’ de Agostinho Neto, à semelhança de outros tantos. Com ele pode- mos ver que é de uma geração que reinventa a Língua Portuguesa, naquele período, com um estilo muito mais notório no que está escrito com maior volume”, deixou patente. O mérito na afirmação da ideologia literária, acção criativa no domínio da estética literária que, conforme disse, ditou aquilo que é característica da Literatura Angolana.
O escritor
Henrique Lopes Guerra nasceu, em Luanda, em 1937. Faleceu, Terça-feira, 09, em Lisboa, Portugal, vítima de doença prolongada. Pertence à geração de 60, tendo colaborado na revista ‘Cultura’ da Sociedade Cultural de Angola e na colecção ‘Imbondeiro’. Tem no mercado publicado as obras poéticas “O Círculo de Giz Bombó”, “A Cubata Solitária”, em 1962”, Quando Me Acontece Poesia”, 1977, “A Tua Voz Angola”, 1978 e “Três Histórias populares”, 1980, “‘Angola – Estrutura Económica e Classes Sociais” (Ensaio), em três edições (1975, 1976 e 1977) e “O tocador de Quissange” (Contos), em 2014.