Produto muito volátil e que sofre sempre influência da situação geopolítica das grandes potências, o preço do barril de petróleo tem sofrido oscilações que já lhe colocaram em baixa face ao estabelecido no Orçamento Geral do Estado (OGE) em execução, o que coloca muitas reticências sobre o futuro
Com um peso superior a 90% nas exportações de Angola, o petróleo constitui o sustentáculo da economia nacional. E nas últimas semanas, tem registado inúmeros recúos que podem levar o Executivo a refazer contas e buscar outras fontes de financiamento, caso o cenário de que- da se mantenha, o que pode também impactar nos investimentos públicos planificados para o ano em curso.
Sobre o assunto, o economista Paulo dos Santos entende que o Executivo, ao estabelecer o preço de USD 75, no OGE, por cada barril de Brent, elevou demais a fasquia. “Alertamos sobre o excesso de optimismo do Executivo ao optar pelo preço de 75 dólares por barril, contra os 59 dólares do ano passado”, disse o economista e professor universitário. Em todo o caso, Paulo dos Santos não coloca já a necessidade de revisão orçamental, argumentando que o Executivo teve um encaixe, no ano passado, que lhe pode dar alguma margem de manobra na materialização do presente OGE.
“Apesar das baixas, penso ser cedo para colocarmos em cima da mesa a possibilidade da revisão do OGE, pois o mercado petrolífero é resiliente, tanto pode alterar para baixo, como pode alterar para cima, dependendo da situação política mundial e de outras questões que podem impactar nos preços”, disse, acrescentando que no ano passado, quando o barril estava acima de 100 dólares, o Executivo angolano manteve o seu preço de referência – 59 dólares. Entretanto, diz que alguns projectos em desenvolvimento podem sofrer ligeiras alterações.
Citando os casos do Planagrão, Planapesca, Planapecuária que podem ser afectados pela redução do encaixe financeiro resultado da venda de petróleo, “se tivermos em linha de conta a sensibilidade da natureza de cada um deles. Como devem saber, o petróleo é o suporte da economia nacional, sustentando vários projectos que estão enquadrados no Plano de Diversificação da Economia Nacional”, lembrou. O actual cenário, prossegue o académico, cria muitas expectativas na economia, destacando as quedas registadas no primeiro semestre do ano em curso.
No segundo trimestre do ano em curso, o preço do barril de petróleo Brent, que é referência para as exportações de Angola, tem oscilado e ficando mesmo abaixo de USD 75. No dia 04 de Maio, por exemplo, ficou três dó- lares abaixo daquilo que são as previsões do Executivo, ao ser vendido por USD 72 por barril. Volátil como é, o petróleo valorizou nas sessões seguintes, sendo que no dia 08 ficou em 77 dólares e um cêntimo, e no dia seguinte, em USD 77 e 44 cêntimos.
Na véspera, dia 10, registou perda ligeira, fechando em USD 76. A situação, segundo Paulo dos Santos, está relacionada a ocorrências internacionais, citando os casos da crise inflacionária que afecta o dólar e o sector bancário norte-americano, bem como a época de manutenção na China. Para contrapor a situação, a OPEP-+ estuda a possibilidade de proceder a mais cortes na produção e, por via disso, manter estável o preço em 80 dólares por barril de crude.