A cantora brasileira Rita Lee, de 75 anos, que morreu na passada Segunda-feira, 8, conforme confirmou a família através de um comunicado nas redes sociais publicado ontem, será cremada, de acordo com a sua vontade, numa cerimónia particular nesta Quarta-feira
O velório da cantora, que é um dos ícones da música brasileira, será aberto ao público, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, esta Quarta-feira.
Neste momento de profunda tristeza, a família agradece o carinho e o amor de todos”, concluiu a mensagem da família.
A cantora foi diagnosticada com um cancro do pulmão em 2021 e em Abril do ano passado o filho da cantora, Beto Lee, anunciou que a mãe estava curada.
Em Fevereiro, Rita Lee esteve internada em São Paulo, em estado extremamente delicado, mas recuperou.
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, já lamentou a morte da cantora, através da rede Twitter.
“Rita Lee Jones é um dos maiores e mais geniais nomes da música brasileira. Cantora, compositora, actriz e multi-instrumentista.
Uma artista à frente do seu tempo. Julgava inapropriado o título de ‘raínha do rock’, mas o apelido faz jus à sua trajetória.
Rita ajudou a transformar a música brasileira com a sua criatividade e ousadia.
Não poupava nada nem ninguém com o seu humor e eloquência”, afirmou.
O Presidente brasileiro prosseguiu, dizendo que “A cantora enfrentou o machismo na vida e na música e inspirou gerações de mulheres no rock e na arte.
Jamais será esquecida e deixa na música, e em livros, o seu legado para milhões de fãs no mundo inteiro.
Meu abraço fraterno aos filhos Beto, João e Antônio, familiares e amigos. Rita, agora falta você”, completou o Presidente brasileiro.
Nas redes sociais, artistas com quem dividiu o palco e que se inspiraram na ‘raínha do rock brasileiro’ lamentaram a sua morte.
Entre as suas músicas mais famosas estão sucessos como “Mania de Você”, “Lança Perfume”, “Baila Comigo”, “Banho de Espuma”, “Desculpe o Auê”, “Amor e Sexo”, “Reza”, “Menino Bonito”, “Flagra” ou “Doce Vampiro”, que se tornaram temas de novelas. Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, a 31 de Dezembro de 1947.
O pai, Charles Jones, era dentista e filho de imigrantes dos EUA. A mãe, a italiana Romilda Padula, era pianista, e incentivou a filha a estudar música.
A artista escreveu na sua autobiografia, lançada em 2016, sobre como seria a repercussão da sua morte. No capítulo, intitulado Profecia, a artista dizia que seria lembrada por não ser “um bom exemplo, mas gente boa”.
“Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta.
Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até dêem meu nome para uma rua sem saída…”, observa-se.
Embora chegasse a dizer que “raínha do rock” era um título de alguém com mau gosto, Rita Lee foi uma das artistas que manteve a ponte entre o rock e a música popular brasileira, desde que compôs as primeiras canções na adolescência.
Rita Lee, que recebeu um Grammy Latino de carreira, em 2022, tinha preparada uma nova autobiografia, a editar este mês, no qual abordava o cancro de pulmão que lhe tinha sido diagnosticado.
A cantora fundou a banda ‘Os Mutantes’ junto com Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, grupo que se tornaria um dos ícones do movimento cultural e musical Tropicália ao lado de outros nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia, e também criou canções numa longa carreira a solo com enorme sucesso.
A ‘raínha do rock’ vendeu mais de 55 milhões de discos, cheios de canções que fazem parte da cultura popular brasileira que, além do rock, transitam em diferentes géneros.
Polémica, Rita Lee anunciou que o seu espectáculo de despedida aconteceria em Aracaju, no dia 28 de Janeiro de 2012, quando afirmou que deixaria de se apresentar em palcos, mas não de fazer música.
Terminada a apresentação, ela e o seu marido, Roberto de Carvalho, acabaram presos por desacato à autoridade ao protestarem contra polícias que repreendiam espectadores que estariam fumando marijuana no local.