Quem trabalha, vive ou tem na comunicação a sua matéria-prima, não há como no zapping habitual, feito às manhãs ou já no fim da noite, menosprezar as informações dos principais órgãos de imprensa internacional, sejam eles europeus, ingleses, portugueses ou até mesmo de outras latitudes.
Os meios de comunicação portugueses, por razões lógicas de língua e o interesse com que seguem o que se passa em Angola, até mesmo as picuinhas, merecem a nossa atenção.
Não poderia ser o contrário, evidentemente.
Entretanto, chama a atenção a forma como estes promovem os seus investimentos, assim como as figuras por trás dos projectos ou das acções.
E o que acontece nas matérias desportivas é um exemplo daquilo que se precisa quando está em causa a promoção do próprio país ou dos seus recursos.
Normalmente, as grandes figuras de destaque nas partidas de futebol são aquelas que marcam os golos ou, então, participado nos momentos que influenciaram positivamente no resultado do jogo.
É por isso que quase sempre somos inundados com notícias sobre Cristiano Ronaldo, Rafael Leão, Sanches e outros.
Porém, felizmente, como está em causa a venda de uma marca local, os comunicadores e os responsáveis fazem questão de desencantar, onde quer que seja, qualquer coisa que ligue a uma das suas estrelas para que estes surjam como o centro das atenções.
Independentemente de se tratar de uma sociedade crítica, daquelas em que os cidadãos, integrantes da sociedade civil e políticos, não obstante a sua cor partidária, se parecem comprometidos em vender a imagem do seu país, onde também se conhecem casos de corrupção, compadrios, problemas a nível da saúde e agora até um elevado índice de desconfiança em relação a quem os dirige.
Longe de qualquer lição puritana, Angola ainda está a pelejar para vencer alguns dos seus maiores problemas.
E a corrupção é um deles, sendo que hoje Angola, por mais que existam críticos ao modelo de combate em voga, ainda assim o país melhorou significativamente no ranking.
Exaltar as coisas boas que acontecem em Angola deveria ser responsabilidade de todos, principalmente nesta fase em que a busca por investimento privado exige de cada um esforço. Para isso, não é necessário que se escamoteiem assuntos ou se atire o lixo para debaixo do tapete, mas sim que se coloque o país em primeiro lugar, apesar das diferenças políticas, sociais, religiosas ou não.
Por isso, não se espante se amanhã vir um canal de televisão luso, brasileiro, americano ou de um outro país e perceber que se dá mais destaque aos seus concidadãos quando a figura principal deveria ser o de uma outra origem.
É simples: por mais diferenças que tenham, nunca deixaram de colocar as suas diferenças de lado e o país deles em primeiro lugar. Seria bom se um dia agíssemos da mesma forma.
Não custa nada.