O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, destacou, ontem, a posição comum da União Europeia (UE) sobre a China e exortou Pequim a deixar de apoiar Moscovo na guerra na Ucrânia.
“A posição da UE sobre a China não mudou, e só pode ser definida a nível europeu”, disse Borrell aos jornalistas, por vídeo-conferência, sobre a reunião dos chefes da diplomacia do G7.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos sete países mais industrializados (G7) iniciaram, ontem, uma reunião de três dias em Karuizawa, uma estância de montanha a Noroeste de Tóquio, a que Borrell não pôde comparecer por ter tido Covid-19.
O Japão é o país anfitrião da reunião por exercer a presidência rotativa do G7, de que faz parte juntamente com Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido.
A UE também participa no G7.
As questões da China, da Coreia do Norte e da guerra da Rússia contra a Ucrânia deverão dominar os trabalhos da reunião.
A UE considera a China “ao mesmo tempo como um parceiro, como um concorrente e como um rival sistémico”, afirmou Borrell, citado pela agência espanhola EFE.
Disse também que o sistema político da China é “completamente diferente” do da UE e lembrou as preocupações europeias sobre a situação dos direitos humanos do gigante asiático.
O Presidente francês, Emanuel Macron, defendeu recentemente que a UE deve ter uma postura própria em relação à China e à questão de Taiwan, em vez de “se adaptar à agenda” dos Estados Unidos.
Quanto à guerra na Ucrânia, Borrell disse que a UE irá trabalhar com o G7 para continuar a apoiar Kiev, e defendeu que a reunião no Japão deverá enviar uma mensagem forte a este respeito.
“Ouço algumas vozes a dizer que temos de deixar de apoiar a Ucrânia para parar a guerra”, afirmou, numa aparente alusão a acusações do Presidente brasileiro, Lula da Silva, de que UE e Estados Unidos alimentam o conflito.
A UE “não quer que a Ucrânia se renda e seja assumida pelo exército russo”, disse Borrell, preconizando “mais apoio e mais rapidamente à Ucrânia”.
O representante defendeu também as sanções contra a Rússia e que Moscovo deve responder por alegados crimes de guerra na Ucrânia.
Num telefonema ao homólogo japonês, Yoshimasa Hayashi, Borrell assinalou a importância de o G7 discutir a China e a Coreia do Norte no actual contexto geopolítico e regional.
As delegações enviadas à reunião, incluindo a do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, viajaram de Tóquio no comboio de alta velocidade japonês “Shinkansen”, segundo a agência francesa AFP.
Os participantes na reunião devem encontrar-se para um jantar à porta fechada, durante o qual deverão falar sobre os desafios colocados pela China.
Espera-se que discutam também um plano global de investimento em infra-estruturas no Sul, bem como outras crises, do Afeganistão a Myanmar (antiga Birmânia) e ao Sudão, onde os combates entre forças militares e paramilitares deixaram 56 civis mortos em 24 horas.
A reunião ministerial deverá preparar uma cimeira de líderes do G7 em Maio, em Hiroshima.