O Irão afirmou no Sábado que está pronto para retomar “vigorosamente” o enriquecimento de urânio se os Estados Unidos abandonarem o acordo nuclear de 2015, e que Teerão analisa “medidas drásticas” adicionais em resposta a essa eventualidade
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, disse a jornalistas em Nova York que o Irão não busca obter uma bomba nuclear, mas que a resposta “provável” de Teerão a uma saída de Washington do acordo seria retomar a produção de urânio enriquecido, um componente central para a fabricação de uma bomba.
“Os Estados Unidos nunca precisaram temer que o Irão produzisse uma bomba nuclear, mas dedicar- nos-emos vigorosamente ao enriquecimento” de urânio “se o presidente Trump se retirar oficialmente do acordo”, disse o diplomata, que está nos Estados Unidos para uma reunião da ONU sobre manutenção da paz. Trump deu um ultimato aos seus sócios europeus até 12 de Maio para endurecerem o texto do acordo, que contempla limitações ao programa nuclear iraniano em troca de alívio das sanções financeiras ao país.
Os comentários de Zarif marcam um endurecimento da retórica, depois que, no início deste mês, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, advertiu de que Washington “ia se arrepender” de sair do acordo e que o Irão responderia em menos de uma semana caso isso acontecesse.
O destino do acordo nuclear será um ponto central da visita do presidente francês, Emmanuel Macron, aos Estados Unidos a partir de Segunda-feira, seguida de um encontro da chanceler alemã, Angela Merkel, em Washington na Sexta-feira. França, Alemanha, Reino Unido, China e Rússia são os outros signatários do acordo nuclear de 2015.
O chefe da diplomacia iraniana disse que os líderes europeus devem pressionar Trump a permanecer no acordo, se os Estados Unidos “pretendem manter qualquer credibilidade na comunidade internacional” e respeitálo, “em vez de exigir mais condições”.
“Tentar apaziguar o presidente, penso eu, seria um exercício inútil”, disse. Os líderes europeus esperam convencer Trump a salvar o pacto se eles, por sua vez, aceitarem pressionar o Irão para chegar a um acordo sobre seus testes de mísseis e moderar sua influência no Iêmen, Síria e Líbano. Se os Estados Unidos enterrarem o acordo, é “pouco provável” que o Irão se mantenha junto aos outros países signatários, disse Zarif.
“É importante para o Irão receber os benefícios do acordo, e de forma alguma o Irão aceitará uma implementação parcial do acordo”, apontou. Para Zarif, os “Estados Unidos sob o governo de Trump fizeram todo o possível para evitar que o Irão beneficiasse deste acordo”. Enfim, assegurou que o Irão avalia “medidas drásticas”, mas negou-se a dar detalhes.